Falha ou boicote intencional - Por Jorge Pinheiro
O fato político
Com disse o amigo e professor Paulo Saraiva, “hoje, sábado, 9 de junho, às 9 horas, deveria ter acontecido na Câmara de Vereadores da Cidade de São Paulo o lançamento do livro
´ENTRE DEUS, DIABO E DILMA´
do pastor e professor Leandro
Seawright Alonso, Doutorando pela USP. O livro discute o ano de 2010, mais
especificamente as eleições presidenciais daquele ano, bem como a participação
política dos evangélicos e, em especial, um eventual processo de cooptação de
votos no ´curral´ evangélico, isto por conta de um uso maciço de um vídeo
veiculado por uma conhecida e influente liderança cristã histórica, vídeo este
que acusava o PNDH 3 de ´institucionalizar o pecado´ – algo que só poderia ser
evitado caso o voto evangélico fosse canalizado a um candidato paulista de um
partido de orientação ´social-democrata´”.
O livro seria lançado, já que "o Vereador Juscelino Gadelha deu acesso ao uso da Casa, e o senhor Xexéu, da comitiva do PSB estadual, tenha facilitado o evento, mas apesar das medidas, por ordem de pessoa ainda não identificada, e por razões desconhecidas, o uso do salão nobre foi de maneira unilateral e sem prévio aviso cancelado".
É desnecessário dizer que o descontentamento foi generalizado junto às personalidades ali presentes, muitas das quais comporiam a mesa que debateria o livro, entre elas Jorge Pinheiro, Pós-Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie, e Professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo; Antônio Maspoli, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião na Universidade Mackenzie; além de Marcos Davi, Mestre pela Universidade Metodista; e o Pr Abreu Mauricio Carvalho, diretor do Seminário Batista Nacional.
As razões para o cancelamento sumário não foram esclarecidas, aguardamos que a Casa se pronuncie sobre o fato, para que possamos esclarecer às pessoas que se dispuseram a estar conosco e que, também, nós organizadores do evento possamos desarmar alguns ânimos mais exaltados que nestes momentos sobre os ´auspícios´ de teorias conspiratórias sempre sugerem algum tipo de sabotagem por parte de forças politicas que costumam sentir-se ameaçadas quando um debate profundo sobre democracia e laicidade são estimulados a acontecer.
Devemos entender
O livro seria lançado, já que "o Vereador Juscelino Gadelha deu acesso ao uso da Casa, e o senhor Xexéu, da comitiva do PSB estadual, tenha facilitado o evento, mas apesar das medidas, por ordem de pessoa ainda não identificada, e por razões desconhecidas, o uso do salão nobre foi de maneira unilateral e sem prévio aviso cancelado".
É desnecessário dizer que o descontentamento foi generalizado junto às personalidades ali presentes, muitas das quais comporiam a mesa que debateria o livro, entre elas Jorge Pinheiro, Pós-Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Mackenzie, e Professor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo; Antônio Maspoli, Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião na Universidade Mackenzie; além de Marcos Davi, Mestre pela Universidade Metodista; e o Pr Abreu Mauricio Carvalho, diretor do Seminário Batista Nacional.
As razões para o cancelamento sumário não foram esclarecidas, aguardamos que a Casa se pronuncie sobre o fato, para que possamos esclarecer às pessoas que se dispuseram a estar conosco e que, também, nós organizadores do evento possamos desarmar alguns ânimos mais exaltados que nestes momentos sobre os ´auspícios´ de teorias conspiratórias sempre sugerem algum tipo de sabotagem por parte de forças politicas que costumam sentir-se ameaçadas quando um debate profundo sobre democracia e laicidade são estimulados a acontecer.
Devemos entender
A liberdade de organização das
comunidades de fé tem uma dimensão importante no seu relacionamento com o
Estado. Esse relacionamento pode se dar de três formas, por fusão, união e
separação. Um estado laico é leigo, neutro e separado da religião. O termo
laico remete-nos a uma atitude crítica da interferência das religiões na vida
pública da sociedade.
Assim, a laicidade do estado brasileiro é condição indispensável para a existência da democracia. Sem o respeito às crenças, às descrenças e à ausência de crenças, de neutralidade confessional, é impossível ao estado brasileiro assegurar paz religiosa e, inclusive, social.
As teocracias, assim como as militâncias fundamentalistas, sejam elas religiosas ou de descrença, na modernidade que se esvai, ameaçam o respeito ao outro e geram discriminação e ódio.
A esse poder e influência temporal da Igreja sobre o Estado, chamamos clericalismo. E, a partir daí, podemos dizer que não existe anticlericalismo sem clericalismo, nem liberdade sem laicidade. Por isso, a teocracia é a negação da democracia.
Não vamos esquecer que a Constituição de 1824 estabelecia três vetores em relação à questão religiosa: (1) o catolicismo era a religião oficial do Império; (2) a permanência da Igreja Católica Apostólica Romana na condição de religião do Império, apesar de admitir o culto particular de outras religiões, desde que em casas para isso destinadas, sem forma exterior de templo; e (3) a permissão da elegibilidade para o Congresso apenas daquelas pessoas que professassem o catolicismo.
No Brasil essa hegemonia foi superada, ao menos no texto, com a chegada da República. Dessa maneira, o Brasil é um estado laico desde a edição do Decreto 119-A, de 17 de janeiro de 1890, que instaurou a separação entre a Igreja e o Estado. É uma vitória cidadã e democrática. Quebrar essa conquista é retrocesso que em última instância não favorecerá grupo algum. Exemplo disso foram as guerras de religião entre católicos e protestantes na Europa e a violência dos conflitos étnicos religiosos na Iugoslávia.
Democracia e laicidade
No Brasil democrático e laico, nós protestantes devemos defender nossas convicções e agir em nome próprio, como cidadãos, e não enquanto representantes de instituição religiosa. E devemos nos associar livremente como qualquer grupo organizado da sociedade, para expor e propagar maneiras de ver e viver.
A presença ativa das comunidades protestantes pode ser muito positiva para a sociedade. A exposição de valores como a ética cristã, a solidariedade e a luta por melhor distribuição de oportunidades e possibilidades podem fazer enorme diferença para o futuro da nação.
Se compreendermos que a democracia e a laicidade não são inimigas das crenças particulares, vamos entender que os protestantes têm o direito de exercer sua cidadania e se manifestar sobre aqueles temas que geram discussão e polêmica. As questões éticas em tempos de crise cobrem importância especial. Mas essas questões não podem ser encaradas apenas como questões religiosas, embora nosso protestantismo deva, permanentemente, abastecer a ética e influenciar nas decisões do País.
Por isso, não podemos compreender o gesto da Câmara Municipal de São Paulo ao impedir, por falha ou propósito, o lançamento do livro do Pr. Leandro Seawright Alonso, "Deus, Diabo e Dilma" nesta Casa do Povo. O que aconteceu? Quem é o responsável por esta arbitrariedade? Aguardamos respostas e ressarcimentos.
Tal fato político, coercitivo e de uso abusivo da força institucional, da Câmara Municipal de São Paulo conflita com a democracia conquistada com lutas e pisoteia a laicidade cidadã. Vergonha! A resposta deve ser dada às comunidades protestantes aí representadas, assim como às comunidades acadêmicas e à população, razão de existência da própria Casa!
Assim, a laicidade do estado brasileiro é condição indispensável para a existência da democracia. Sem o respeito às crenças, às descrenças e à ausência de crenças, de neutralidade confessional, é impossível ao estado brasileiro assegurar paz religiosa e, inclusive, social.
As teocracias, assim como as militâncias fundamentalistas, sejam elas religiosas ou de descrença, na modernidade que se esvai, ameaçam o respeito ao outro e geram discriminação e ódio.
A esse poder e influência temporal da Igreja sobre o Estado, chamamos clericalismo. E, a partir daí, podemos dizer que não existe anticlericalismo sem clericalismo, nem liberdade sem laicidade. Por isso, a teocracia é a negação da democracia.
Não vamos esquecer que a Constituição de 1824 estabelecia três vetores em relação à questão religiosa: (1) o catolicismo era a religião oficial do Império; (2) a permanência da Igreja Católica Apostólica Romana na condição de religião do Império, apesar de admitir o culto particular de outras religiões, desde que em casas para isso destinadas, sem forma exterior de templo; e (3) a permissão da elegibilidade para o Congresso apenas daquelas pessoas que professassem o catolicismo.
No Brasil essa hegemonia foi superada, ao menos no texto, com a chegada da República. Dessa maneira, o Brasil é um estado laico desde a edição do Decreto 119-A, de 17 de janeiro de 1890, que instaurou a separação entre a Igreja e o Estado. É uma vitória cidadã e democrática. Quebrar essa conquista é retrocesso que em última instância não favorecerá grupo algum. Exemplo disso foram as guerras de religião entre católicos e protestantes na Europa e a violência dos conflitos étnicos religiosos na Iugoslávia.
Democracia e laicidade
No Brasil democrático e laico, nós protestantes devemos defender nossas convicções e agir em nome próprio, como cidadãos, e não enquanto representantes de instituição religiosa. E devemos nos associar livremente como qualquer grupo organizado da sociedade, para expor e propagar maneiras de ver e viver.
A presença ativa das comunidades protestantes pode ser muito positiva para a sociedade. A exposição de valores como a ética cristã, a solidariedade e a luta por melhor distribuição de oportunidades e possibilidades podem fazer enorme diferença para o futuro da nação.
Se compreendermos que a democracia e a laicidade não são inimigas das crenças particulares, vamos entender que os protestantes têm o direito de exercer sua cidadania e se manifestar sobre aqueles temas que geram discussão e polêmica. As questões éticas em tempos de crise cobrem importância especial. Mas essas questões não podem ser encaradas apenas como questões religiosas, embora nosso protestantismo deva, permanentemente, abastecer a ética e influenciar nas decisões do País.
Por isso, não podemos compreender o gesto da Câmara Municipal de São Paulo ao impedir, por falha ou propósito, o lançamento do livro do Pr. Leandro Seawright Alonso, "Deus, Diabo e Dilma" nesta Casa do Povo. O que aconteceu? Quem é o responsável por esta arbitrariedade? Aguardamos respostas e ressarcimentos.
Tal fato político, coercitivo e de uso abusivo da força institucional, da Câmara Municipal de São Paulo conflita com a democracia conquistada com lutas e pisoteia a laicidade cidadã. Vergonha! A resposta deve ser dada às comunidades protestantes aí representadas, assim como às comunidades acadêmicas e à população, razão de existência da própria Casa!
Comentários