Rio de Janeiro e Igreja da Natividade entre os novos Patrimônios da Humanidade -Por Carlos Albuquerque e Hendrik Heise
Cidade
brasileira é a primeira a deter o título na categoria Paisagem Cultural. Unesco
escolheu ainda 25 outros locais, entre eles a Ópera de Bayreuth, na Alemanha, e
a Igreja da Natividade, na Cisjordânia.
Reunido
em São Petersburgo, na Rússia, o comitê do Patrimônio Mundial da Unesco
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura)
adicionou 26 novos locais à lista de Patrimônio Mundial da Humanidade.
Entre
eles estão a paisagem cultural do Rio de Janeiro, a Igreja da Natividade em
Belém (Cisjordânia) e a Casa da Ópera Margravial de Bayreuth (Markgräfliche
Opernhaus Bayreuth), na Alemanha.
Como
última locação, o comitê do Patrimônio Mundial da Unesco inscreveu, nesta
segunda-feira (02/07), o Parque Natural das Colunas do Rio Lena, conjunto de
penedos verticais de até 100 metros de altura, localizado na Sibéria.
O
comitê formado por 21 Estados-membros da ONU incluiu ainda na lista de
Patrimônios Mundiais, entre outros, o monte Carmel, em Israel; a paisagem
cultural de Bali, na Indonésia; a cidade de Rabat, no Marrocos; as ruínas de
Xanadu, ao norte da Muralha da China; as fortificações da cidade de Elvas, em
Portugal; e as minas de mercúrio de Almadén, na Espanha, e de Idrija, na
Eslovênia.
A
escolha do Rio de Janeiro como Patrimônio Cultural da Humanidade aconteceu
neste domingo, durante a 36ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco,
em São Petersburgo. A candidatura da cidade brasileira estava inscrita na categoria
Paisagem Cultural e havia sido entregue à Unesco em setembro de 2009.
O
dossiê da candidatura do Rio procurou destacar a geografia diversa da cidade,
justificando sua importância e seu valor universal, principalmente, pela soma
da beleza natural com a intervenção humana.
O
discurso de apresentação da candidatura do Rio foi feito em português pela
ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que estava acompanhada do presidente do
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Luiz Fernando
de Almeida. Ao defender a escolha, o Iphan lembrou que o Rio encontra na
relação entre homem e natureza a âncora para a sua candidatura.
Com
a inclusão na lista de Patrimônio Mundial da Humanidade, o Rio de Janeiro se
tornou a primeira cidade do mundo a deter o título na categoria Paisagem
Cultural. Entre os locais incluídos no dossiê apresentado à Unesco estão o
morro do Corcovado com a estátua do Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, a
floresta da Tijuca, o aterro do Flamengo, o Jardim Botânico e a praia de
Copacabana.
Segundo
a Unesco, o Rio de Janeiro recebeu a distinção devido à forma única como a
"esplendorosa paisagem" se integra à estrutura urbana. Além disso, o
efeito inspirador do Rio de Janeiro sobre músicos e paisagistas justifica a
escolha, afirmou a Unesco. Com o Rio de Janeiro, o Brasil passa a contar agora
com 19 locais reconhecidos como Patrimônio Mundial da Humanidade.
A
Alemanha também conta agora com um novo Patrimônio da Humanidade: a Casa da
Ópera de Bayreuth, no estado alemão da Baviera. A escolha do edifício foi feita
por unanimidade pelo comitê da Unesco, neste domingo em São Petersburgo.
Segundo a Unesco, o majestoso edifício barroco seria um dos mais importantes
testemunhos arquitetônicos da sociedade absolutista do século 18.
O
edifício foi construído na região da Francônia, norte da Baviera, entre 1746 e
1750, pelo casal de margraves (marquês e marquesa) Frederico e Guilhermina von
Brandenburg-Kulmbach. Segundo autoridades bávaras, a casa de ópera é "um
dos exemplos mais bem preservados da construção barroca".
A
prefeita da cidade, Brigitte Merk-Erbe, que viajou com uma comitiva para São
Petersburgo, saudou a escolha, afirmando que, "a partir de agora, além de
Richard Wagner e seu festival, a cidade de Bayreuth será associada em todo o
mundo também à casa de ópera".
Assim
como aconteceu com outras localidades, a distinção da Unesco deverá atrair mais
turistas à cidade bávara de 70 mil habitantes. A Alemanha conta agora com 37
Patrimônios Mundiais, sete deles na Baviera. Nos próximos quatro anos, o estado
alemão pretende investir 19 milhões de euros na restauração da ópera em
Bayreuth.
As
elevações do Rio de Janeiro e da Ópera de Bayreuth a Patrimônio Mundial da
Humanidade não foram, todavia, as decisões mais controversas do Comitê do Patrimônio
Mundial da Unesco neste ano. Somente oito meses após a adesão da Palestina à
Unesco – contra a resistência dos Estados Unidos, de Israel e da Alemanha – a
inclusão da Igreja da Natividade de Belém na lista provocou diversas discussões
políticas.
Através
de um procedimento de urgência durante a sessão em São Petersburgo, a Unesco
inscreveu a igreja construída sobre uma gruta, onde Jesus Cristo teria nascido,
como primeiro Patrimônio Mundial da Humanidade em território palestino.
A
cidade de Belém é o principal destino turístico dos Territórios Palestinos,
tendo recebido 2 milhões de visitantes em 2011. A Basílica da Natividade data
do tempo do imperador romano Constatino, no século 4°, e foi restaurada no
século 6°, sendo uma das mais antigas igrejas do cristianismo.
Numa
carta aberta ao Comitê da Unesco, as instituições de Belém argumentaram que a
inscrição não era apenas um direito, mas uma necessidade: "Belém, o seu
centro histórico e suas igrejas foram vítimas de ataques militares israelenses
em 1967 [Guerra dos Seis Dias] e novamente em 2001 e 2002. A maior parte do que
foi restaurado pela comunidade internacional [...] foi destruído pelas forças
de ocupação".
Por
ocasião da escolha da Igreja da Natividade, na sexta-feira, o governo
israelense criticou a decisão como sendo de viés político. Em comunicado, o
gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que, "em vez de
empreender passos rumos à paz, os palestinos tomam medidas unilaterais, que
afastam a paz para ainda mais longe".
Além
dos novos Patrimônios Mundiais, a Unesco também divulgou uma lista dos
patrimônios ameaçados. Principalmente a cidade histórica de Timbuktu, no Mali,
é motivo de grande preocupação: islamitas radicais, que rejeitam qualquer tipo
de veneração de santos, profanaram diversos mausoléus pertencentes ao conjunto
do Patrimônio Mundial. Nesta segunda-feira, o secretário-geral da ONU, Ban
Ki-moon, criticou duramente a destruição dos mausoléus do século 15 e 16.
Fonte: http://www.dw.de
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