A importância cultural do circo-teatro


De 1930 e 1970, a capital paulista recebeu 88 diferentes circos em diversas temporadas. Uma atração era inevitável nos espetáculos dessas companhias: o circo-teatro.

A partir da análise de 1.099 processos de censura no Departamento de Diversões Públicas de São Paulo – hoje parte do acervo do Arquivo Miroel Silveira da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP) – Walter de Sousa Junior estudou a importância do circo-teatro na formação cultural paulista e brasileira, tendo influenciado tanto o Modernismo como a emergente cultura de massa.

O tema, explorado na tese de doutorado de Sousa Junior, resultou no livro MiXórDia no PiCaDeiRo – Circo-teatro em São Paulo (1930-1970), que teve apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Publicações.

Como personagens centrais desse processo estão os palhaços Piolin e Arrelia, que puderam criar um estilo peculiar de comédia, e os autores de peças com temática caipira. São eles parte da elaboração da linguagem cultural de uma metrópole emergente.

“O circo-teatro, gênero que surge de intenso processo de hibridismo cultural, mostra-se como expressão popular numa metrópole em construção, agregando mestiçagens e misiturando referências. Assim, influencia tanto o movimento intelectual modernista quanto a emergente cultura de massa”, diz o autor.

Sousa Junior é professor doutor da ECA-USP e pesquisador da cultura popular. É autor de Moda Inviolada – Uma história da Música Caipira (2006) e atualmente pesquisa a contribuição cultural de Piolin a partir das 450 peças encenadas em seu circo de 1933 a 1961.


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