Ataque a templo sikh nos EUA coloca grupo religioso em foco
Atirador avançou neste domingo
contra templo do sikhismo no estado de Wisconsin. Religião monoteísta com
grande presença na Índia é alvo dos EUA desde o atentado terrorista de 11 de
setembro de 2001.
O ataque de um atirador a um
templo da comunidade sikh ocorrido nos Estados Unidos neste domingo (05/08)
chamou a atenção para esse grupo religioso. Pouco se conhece sobre os sikhs
fora da Índia, onde compõem cerca de 2% da população de 1,2 bilhões de pessoas.
Nos ano 2000, os sikhs entraram
para a lista de alvos dos EUA no contexto dos ataques terroristas de 11 de
setembro de 2001. Desde então, seguidores norte-americanos da religião relatam
ter sido vítimas de perseguição e violência por serem confundidos com
muçulmanos por conta de seus turbantes e barbas longas.
Agora, os sikhs voltaram a
figurar nos EUA com o ataque a um de seus templos no estado de Wisconsin. O
atirador responsável pelo atentado foi oficialmente identificado nesta
segunda-feira (06/08) como Wade Michael Page, de 40 anos, ex-militar.
Autoridades informaram que Page
foi membro de um grupo skinhead no estado da Carolina do Sul e relacionou-se
com a National Alliance, grupo neonazista. O atirador foi executado por
um policial depois de deixar três feridos e matar seis membros da congregação
sikh.
Ampla diáspora
A maioria dos adeptos do sikhismo
vive na próspera região de Punjab, na Índia. Na década de 1980,
fundamentalistas sikhs queriam separar Punjab do restante do país. A então
primeira-ministra, Indira Gandhi, mandou atacar o Templo de Ouro em Amritsar,
local sagrado do sikhismo. O episódio levou a massacres sangrentos e ao
assassinato da premiê por guarda-costas sikhs, em 1984.
Cerca de 500 mil sikhs vivem
atualmente nos EUA. Os primeiros membros da religião emigraram no final do
século 19 em busca de prosperidade na América. Inicialmente, eles trabalhavam
principalmente como agricultores. Com o tempo, adquiriram respeito e riqueza, e
muitos ocupam hoje cargos públicos no país.
Por isso, ao prestar condolências
às vítimas deste domingo, o presidente Barack Obama enfatizou a importância do
sikhismo.
"Num dia em que falamos sobre uma perda trágica como esta em um
templo religioso, deveríamos lembrar o quanto nosso país enriqueceu através dos
sikhs, que fazem parte da nossa família norte-americana", declarou.
Também existem grandes
comunidades sikhs no Canadá e no Reino Unido. Na Alemanha, estima-se que vivam
de 5 mil a 15 mil sikhs. O sikhismo também está presente no Brasil, mas não há
dados sobre o número exato de adeptos.
Doutrina igualitária
De maneira simples, pode-se
definir a fé sikh como uma mistura do hinduísmo com o islamismo. Trata-se de
uma religião monoteísta, cujo fundador é o Guru Nanak (1469-1539), nascido em
uma família hinduísta no atual Paquistão.
Segundo a lenda, o Guru – termo
que significa professor – Nanak teve uma visão durante seu banho matinal no ano
1499, aos 30 anos. Ele doou, então, todos os seus pertences e passou a
percorrer o país para espalhar sua fé como pregador. O guru renunciou ao
sistema de castas e, assim, atraiu também membros das castas mais baixas para a
religião.
A igualdade entre as pessoas
consagrada no sikhismo também se faz presente no fato de que homens e mulheres
têm o mesmo primeiro nome. Apenas o sobrenome permite identificar o sexo –
Singh (leão) para os homens e Kaur (princesa) para as mulheres.
Cinco símbolos religiosos definem
um sikh. O kes, o cabelo não cortado que os homens escondem sob um turbante,
mostra respeito pela criação divina. Para pentear os cabelos, há o pente de
madeira kangha.
O punhal kirpan é um sinal de que os sikhs devotos defendem
ricos e pobres. O kara, um bracelete de metal, representa a comunidade. Por
fim, uma calça na altura dos joelhos – a kaccha ou kachera – indica a contenção
sexual.
Os ensinamentos do Guru Nanak e
dos nove gurus que o seguiram estão registrados no Guru Granth Sahib, o
livro sagrado dos sikhs. Os templos da religião são chamados de
"gurudwara" – "porta para o guru", na tradução literal.
Qualquer um, não importa de qual
religião ou cultura, pode participar da refeição comum – "langar" –
realizada duas vezes por dia nos templos. O gurdwara serve de ponto de encontro
para os fiéis principalmente aos domingos, dia em que ocorreu o atentado em
Wisconsin.
Fonte: http://www.dw.de
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