Lilia Cabral leva a fé de Maria do Caritó ao teatro - Por Carla Machado


Comédia, que já foi vista por mais de 60 mil pessoas no Rio de Janeiro, faz sua estreia nesta sexta-feira (10) no Teatro FAAP.

Margarida, Marieta, Antonieta, Amorzinho, Goretti, Violeta, Aída, Catarina, Mercedes e Griselda, a Pereirão. Essas mulheres, entre tantas outras, se tornaram inesquecíveis pela interpretação da atriz Lilia Cabral, na televisão, que volta a atuar nos tablados paulistanos para dar vida a Maria do Caritó. 

A atriz que já transitou de beata a perua, e viveu diferentes perfis de mães de família, das austeras às mais sensíveis, agora se transforma em uma solteirona virgem de 50 anos que vive, literalmente, entre o sagrado e profano, em um cenário que mistura teatro popular, cultura nordestina, fé, amor e poesia aos encantos do circo.

A comédia, que já foi vista por mais de 60 mil pessoas no Rio de Janeiro, faz sua estreia nesta sexta-feira (10) no Teatro FAAP, com texto de Newton Moreno — escrito especialmente para a protagonista Lilia Cabral – sob direção de João Fonseca.

Em coletiva de imprensa, realizada na última segunda-feira, Lilia revelou que a peça nasceu do desejo que ela mesma tinha de reunir os atores Fernando Neves e Silvia Poggetti e o figurinista José Carlos Serroni, velhos companheiros de palco, em um novo trabalho teatral após 30 anos do início da sua carreira. 

“Fui conhecendo o Newton por outros espetáculos dele, e me surpreendi com sua criatividade, poesia, brasilidade e capacidade dramatúrgica”, revela a atriz. 

“Mas, quando conversamos sobre Maria do Caritó disse a ele que eu fazia questão que tivessem personagens para Silvia e para o Fernando, porque eu tinha muita vontade de reunir as pessoas que me ensinaram muitas coisas na vida”, continua. Dani Barros e Eduardo Reyes completam o elenco. 

“Essa proposta da Lilia tinha tanta coisa boa embutida, o que mais me encantou foi essa vontade de reagrupar uma trupe e reencontrar essa família”, afirma o autor que atualmente é parceiro dos antigos companheiros da atriz, no grupo Os fofos Encenam. 

“A isso, juntamos a questão do circo que envolve a Maria do Caritó e o Nordeste que é minha inspiração sempre”, completa.

Maria do Caritó

Regado por muita fé religiosa, o drama cômico de Maria do Caritó começa exatamente no momento de seu nascimento, com um parto problemático no qual sua mãe não resiste e morre. O pai de Maria desesperado faz uma promessa a São Djalminha, que garante sua filha solteira e virgem até a morte, em troca da sua sobrevivência. Maria do Caritó aceita, porém, não se conforma com sua condição de solteirona contra a própria vontade. 

A situação fica mais complicada quando a cidade passa a vê-la como uma santa milagrosa. Disposta a reverter a situação, Maria do Caritó não poupa simpatias e promessas a Santo Antônio, para conseguir um marido e se realizar como mulher.

“O que mais me encantou na peça é o fato da Maria acreditar e perseverar sem perder a fé”, afirma Lilia, que se diz católica e devota de vários santos. “Quando falo da fé no espetáculo, não é algo que tive a obrigação de saber do que se trata, porque sempre tive”, diz. 

A atriz conta que, assim como para outros personagens, não buscou inspiração em livros ou filmes, mas trabalhou as complexidades e as intenções escondidas com o que tinha em mãos: o texto de Newton. 

“Ele escreve com a alma e com muita poesia. Até a forma de falar uma frase te emociona sem a necessidade de procurar uma emoção”, diz. 

“É maravilhoso fazer essa mulher profana que ao mesmo tempo é ingênua. Em alguns momentos ela é quase uma safada, em outros, totalmente inocente. O texto me dá isso”, revela.

Para Newton, Maria do Caritó é a representação da fé do povo brasileiro. “Isso é muito bonito, genuíno e puro no espetáculo. É uma peça de busca pelo amor, e isso comunica diretamente a todos os públicos”, conclui.

Serviço:

Maria do Caritó — Teatro FAAP; Rua Alagoas, 903, em Higienópolis. De 10 de agosto a 16 de dezembro; sextas-feiras às 21h30, sábados às 21h e domingos às 18h. Informações: (11)  3662-7233.

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