Vida e arte de Bispo do Rosário podem ser conferidas na obra de Geraldo Motta em cartaz no Rio - Por Lana Cristina
Paulo Virgilio Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro - Melhor filme pelo
júri popular do
Festival do Rio de 2010
O Senhor do Labirinto, de Geraldo
Motta, que estreou ontem (25), no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro
(IMS-RJ), dentro da mostra de cinema Imagens do Inconsciente, ficará em cartaz
até 7 de outubro.
O filme conta a história de Arthur Bispo do Rosário, paciente
de esquizofrenia que, ao longo das cinco décadas em que permaneceu internado em
instituições psiquiátricas, produziu um acervo de objetos, bordados e
estandartes, hoje considerado como uma referência na arte contemporânea
brasileira.
O Senhor do Labirinto é baseado no livro do mesmo nome, escrito por
Luciana Hidalgo e lançado em 1997. A autora do livro escreveu o roteiro do filme
juntamente com o diretor Geraldo Motta.
O ator Flávio Bauraqui interpreta Bispo
do Rosário, à frente de um elenco que tem ainda nomes como Maria Flor e
Irandhir Santos. Criada na clausura da Colônia Juliano Moreira, na zona oeste
do Rio, a obra de Bispo do Rosário ganhou o mundo depois da morte do artista,
em 1989. As exposições realizadas desde então atraíram um público de 350 mil
pessoas no Brasil e de 400 mil no exterior.
Entre outros importantes espaços
culturais, seus estandartes, bordados e objetos foram exibidos na Bienal de
Veneza, em 1995, e no Museu Jeu de Paume, em Paris, em 2003.
Bispo do Rosário,
no entanto, nunca se considerou um artista plástico. Para ele, tudo o que
produzia destinava-se à sua apresentação a Deus, no dia do juízo final.
O misticismo
marcou a vida do artista, sergipano nascido em 1909, descendente de escravos
africanos. Em 1938, perambulando pelas ruas do Rio de Janeiro, sem documentos,
e proclamando-se enviado de Deus, acabou sendo detido, fichado como louco e
internado no Hospício Pedro II, que ocupava o prédio da Avenida Pasteur, na
Urca, zona sul da cidade, onde hoje funciona um dos campus da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Um mês depois, foi transferido para a Colônia
Juliano Moreira. Aberta no último dia 10, a mostra Imagens do Inconsciente
segue até o dia 31, como um evento paralelo à exposição de desenhos e pinturas
Raphael e Emygdio: dois modernos no Engenho de Dentro.
Entre os filmes que
serão exibidos, estão três do cineasta Leon Hirszman (1937-1987), realizados a
partir do trabalho da médica psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), que
estimulava a prática de atividades artísticas para o fortalecimento psíquico de
seus pacientes do então Centro Psiquiátrico Nacional, no bairro do Engenho de
Dentro, zona norte do Rio.
Fonte: http://noticias.terra.com.br
Comentários