Ataques antissemitas põem França em alerta contra islamismo radical
A França está em estado de alerta
contra o islamismo radical após recentes ataques antissemitas no país. Uma rede
suspeita de atividades terroristas foi desmantelada no sábado, e o governo
afirma que as operações policiais vão continuar.
"O grupo que foi
desmantelado é perigoso e determinado a agir. São jovens convertidos
recentemente ao islamismo radical e que representam uma ameaça real para a
França", disse nesta semana o ministro do Interior, Manuel Valls,
acrescentando que novas prisões poderão ocorrer.
O ministro afirmou ainda que
existem na França "dezenas ou centenas de islamistas radicais dispostos a
agir". Grupo radical pinta mensagens
antissemitas no Museu do Holocausto, em Jerusalém.
Segundo o serviço de proteção da
comunidade judaica, ligado ao conselho representativo da religião na França, o
número de atos antissemitas aumentou 45% nos primeiros oito meses deste ano na
comparação com igual período de 2011.
Eles também se tornaram mais
violentos, diz a organização. Os atos antissemitas registrados na polícia (386
até agosto) podem ser desde simples ameaças a atos de vandalismo, agressões e
até homicídios.
Suspeitos
Atualmente, 12 pessoas do grupo
desmantelado no sábado, presas em Cannes, Estrasburgo e nos arredores de Paris,
estão sendo interrogadas pela polícia e pelo serviço de inteligência francês.
O grupo é suspeito de ter
cometido, em setembro, um ataque com uma granada contra uma loja de alimentos
casher (ou kosher, adequados a seguidores ortodoxos do judaísmo) e de preparar
novas ações tendo como alvo a comunidade judaica.
Na operação no sábado, o francês
Jérémie Louis Sidney, 33 anos, suposto chefe do grupo, foi morto ao atirar nos
policiais que invadiram sua casa, segundo o procurador de Estrasburgo.
De acordo com autoridades
francesas, as impressões digitais de Sidney foram identificadas na granada
lançada contra a loja de alimentação judaica. Os jovens presos são todos
nascidos na França, com idades entre 19 e 25 anos, e vários já tinham ficha na
polícia por furto de carros e tráfico de drogas.
"A pobreza pode conduzir à
delinquência e ao tráfico, mas conduz também ao engajamento no islamismo
radical", declarou o ministro Valls.
Nas casas dos suspeitos, a
polícia encontrou munições, uma lista de organizações judaicas na periferia de
Paris e também quatro "testamentos" evocando Alá, inclusive o de
Sidney, o que foi interpretado pelas autoridades como um desejo de morrer como
mártir.
Também no sábado, uma sinagoga em
Argenteuil, na periferia de Paris, foi atacada a tiros. Ninguém ficou ferido,
mas o ataque deixou as autoridades de diferentes religiões da região em choque.
Atirador de Toulouse
Os atos antissemitas aumentaram
consideravelmente na França após o caso de Mohamed Merah, suspeito de ter
matado quatro pessoas em uma escola judaica em março, em Toulouse, e três
militares em outros ataques na região no mesmo período.
Merah, um francês de origem
argelina de 24 anos, foi morto no fim de março durante um amplo cerco policial
à sua casa, que durou dois dias.
Investigadores e especialistas
afirmam que as pessoas presas no sábado têm o mesmo perfil de Merah: jovens,
nascidos nos anos 80 ou 90, pequenos delinquentes, de classe social modesta e
que se voltaram para o islamismo radical.
"Merah rompeu uma barreira
psicológica importante, a de franceses, nascidos na França, que atacam o
país", diz Mathieu Guidère, especialista em movimentos radicais islâmicos.
"O caso Merah, longe de ser
isolado e excepcional, revela infelizmente a presença e a formação de novos
candidatos à radicalização do islã", diz o reitor da mesquita de Paris,
Dalil Boubakeur.
A França reúne a maior comunidade
muçulmana da Europa, estimada em 6 milhões de pessoas, e também judaica.
Após os recentes ataques
antissemitas, representantes muçulmanos reiteraram sua solidariedade à
comunidade judaica e afirmaram temer que a imagem do Islã na França, que
respeita as leis do país, seja afetada por esses grupos radicais.
"O islamismo radical é como
o nazismo. Ter orgulho de exterminar inimigos, sejam eles crianças ou adultos,
é a característica dos nazistas", afirmou nesta segunda-feira Richard
Prasquier, presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da
França (Crif).
O presidente François Hollande,
que se reuniu no domingo com representantes da comunidade judaica, afirmou que
a segurança nos locais de culto sujeitos a ataques será reforçada e disse que a
França "está mobilizada para lutar contra o terrorismo".
Fonte: http://noticias.r7.com
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