Número de protestantes cai nos Estados Unidos, diz estudo - Por Laurie Goodstein
Pesquisa revela que 1 em cada 5
americanos, ou 19,6%, disseram que são ateus, agnósticos ou "neutros"
Pela primeira vez desde que
pesquisadores começaram a estudar a identidade religiosa dos americanos, menos
da metade dos pesquisados disseram ser protestantes, uma queda acentuada em
comparação a 50 anos atrás, quando as igrejas protestantes reivindicavam a
lealdade de mais de dois terços da população.
Um novo estudo, divulgado pelo
Fórum Pew sobre Religião e Vida Pública na terça-feira, 9 de outubro, revelou
que não foram apenas protestantes liberais, como metodistas ou episcopais, que
abandonaram sua fé, mas também os mais conservadores. As perdas ocorreram entre
os protestantes brancos, mas não entre os protestantes afro-americanos ou de
outras minorias, segundo o estudo.
Quando eles desistem da religião,
ao invés de de mudarem de igreja, eles se juntam às fileiras crescentes que não
se identificam com nenhuma religião. Quase 1 em cada 5 americanos, ou 19,6% ,
disseram que são ateus, agnósticos ou "neutros".
Esta é uma mudança significativa
em comparação ao cenário de apenas cinco anos atrás, quando os adultos que
diziam não ter religião representavam cerca de 15% da população. Além disso,
trata-se de uma mudança sísmica em comparação a 50 anos atrás, quando cerca de
7% dos adultos americanos disseram não ter filiação religiosa.
Agora, mais de um terço dos
americanos com idades entre 18 e 22 não possuem qualquer filiação religiosa.
Estes jovens irão substituir as gerações mais velhas que estiveram muito mais
envolvidas com a religião ao longo de suas vidas.
"Nós realmente não havíamos
presenciado nada como isso antes", disse Gregory A. Smith, um pesquisador
sênior do Fórum Pew. "Mesmo quando os baby boomers envelheceram, no início
dos anos 1970, havia metade da probabilidade de terem uma ligação religiosa do
que os jovens de hoje."
Os "neutros", como são
chamados pelos pesquisadores, hoje compõem o segundo maior agrupamento
religioso da nação. O maior grupo é o dos católicos, que compõem cerca de 22%
da população. Seus números se mantêm, principalmente porque um afluxo de
imigrantes substituiu 14% dos católicos que foram criados na igreja e a
abandonaram nos últimos cinco anos, disse Smith.
O aumento de pessoas que afirmam
não pertencer a uma religião é susceptível de ter consequências políticas,
disse Phil Zuckerman, professor de sociologia e estudos seculares na Faculdade
Pitzer, na região do Sul da Califórnia.
O relatório Pew oferece várias
teorias para explicar o surgimento dos não religiosos. Uma das teorias é a de
que os jovens adultos ficaram desiludidos com a religião organizada quando as
igrejas protestantes evangélicas e católicas tornaram-se ativas em causas
políticas conservadoras, como a oposição ao homossexualismo e ao aborto.
Outra teoria é a de que a mudança
reflete uma tendência mais ampla de não participar mais da vida social local e
comunitária, o fenômeno apelidado de "Bowling Alone" (jogando boliche
sozinho, em tradução literal), de Robert D. Putnam, professor de políticas
públicas da Universidade de Harvard.
Outra explicação é que os Estados
Unidos estão simplesmente seguindo a tendência de secularização já vista em
muitos países economicamente desenvolvidos, como Austrália e Canadá, e alguns
na Europa. Esta teoria postula que pessoas que são saudáveis e financeiramente
seguras têm menos necessidade existencial para uma religião.
Os Estados Unidos sempre foram a
grande exceção desta tendência secularizante, e não está claro se os americanos
estão necessariamente tendendo em direção ao modelo europeu.
O relatório Pew descobriu que,
mesmo entre os americanos que alegaram não ter religião, poucos se qualificaram
como sendo puramente seculares. Dois terços disseram ainda acreditar em Deus, e
um quinto disse rezar todos os dias. Apenas 12% do grupo sem filiação religiosa
disseram ser ateus e 17% agnósticos.
A Reverenda Eileen W. Lindner,
que vem narrando as estatísticas religiosas durante anos como editora do
Anuário de Igrejas americanas e canadenses, observou essa complexidade.
Ela disse, "Muitas pessoas
irão ler este estudo e dizer: 'Isso é terrível! O que está acontecendo com a
nossa cultura?' Eu, como cientista social e pastora, pediria cautela."
"Muitos jovens não
participam muito dos cultos, mas se fazemos um projeto de missão, eles
normalmente comparecem", disse Lindner. "Eles administram as
cozinhas, eles constroem as casas no projeto Habitat para a Humanidade". Eles podem até não comparecerem
nos domingos, disse ela, mas não abandonaram a sua fé.
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