População critica ação que pede retirada da frase “ Deus Seja Louvado” das cédulas do real - Por Bruna Souza E Eloisa Vasconcelos
A
expressão está estampada há 26 anos na parte inferior esquerda de todas as
cédulas do real e vem sendo questionada na ação que aponta a frase como
privilégio de uma religião em detrimento de outras. Leitores, em sua maioria,
não acharam isso
Internautas
e representantes de diversos segmentos da sociedade do Estado do Amazonas
consideram ‘perda de tempo’, a ação da Procuradoria Regional dos Direitos do
Cidadão, em São Paulo, de retirar das cédulas do real a frase “Deus Seja
Louvado”. A frase existe há 26 anos e foi introduzida nas cédulas em 1986
durante o governo do ex-presidente José Sarney. A maioria dos entrevistados
argumenta que “existem problemas mais importantes” para serem resolvidos no
país.
O raciocínio de que existem coisas mais importantes a se fazer
em prol da sociedade e que nenhum incômodo tem causado até agora, expressa a
maioria dos comentários feitos por internautas que leram a recente notícia
divulgada em jornais e sites do país.
A ação junto à Justiça Federal pede, em caráter liminar,
que seja concedido à União um prazo de 120 para que as cédulas comecem a ser
impressas sem a frase.
De acordo com a ação ajuizada pela Procuradoria Regional dos
Direitos do Cidadão em São Paulo, a existência da frase nas notas fere o
princípio de que o Brasil é um país laico (onde deve se manter neutro em
relação às diferentes concepções religiosas) e de liberdade religiosa.
Por outro lado, uma das justificativas para que a frase seja
mantida nas cédulas tem por base o preâmbulo da Constituição que afirma ter
sido a mesma promulgada “sob a proteção de Deus”.
OAB
Para o presidente da Ordem dos Advogados no Amazonas (OAB-AM),
Fábio Mendonça, o pedido é um absurdo e o Ministério Público Federal (MPF) não
deveria perder o tempo com um caso que já é tradição no Brasil.
“O ministério deveria utilizar o tempo com assuntos que
interessa e é de importância para a sociedade. O Brasil tem como origem o
catolicismo e não creio que ofenda nenhuma religião. Essa proposta visa chamar
apenas a atenção da imprensa, já que a frase compõe as notas a muitos anos,
tornando-se tradicional”, relatou.
Ufam
O coordenador do Núcleo de Cultura Política (NCP) da
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Ademir Ramos, orienta para a reflexão
do episódio. “É preciso refletir, se pensarmos na Constituição Federal do país
que diz que o estado é laico, se o estado é laico, então o pedido está correto,
porém é bom analisarmos, qual a intenção destes promotores, o preciosismo da
cultura dos bacharéis, que no passado cuidava até de briga de galo ou a fazer
valer a constituição”.
O coordenador também afirmou que é desnecessário o zelo e o
cuidado em determinadas coisas e considerou a importância da análise por parte
do MPF da conduta política dos parlamentares, que muitas vezes não agem com
ética, apresentam projetos que beneficiam grupos religiosos, além de
autorizações que disponibilizam dinheiro público para bancar gastos com eventos
religiosos. Destacou que o estado precisa de pedidos que visem problemas
sociais emergentes como saúde, educação, transporte público entre outros.
Espírita
De acordo com a espírita e professora de artes do Colégio
Militar da Polícia Militar (CMPM), Cida Castro, não há problema na frase nas
cédulas do real e que o Ministério Público deveria se preocupar com os
problemas do estado, principalmente com a educação e a segurança.
“Não me incomoda a frase na cédula de dinheiro, o que me
incomoda é a falta de preocupação com os problemas que a nossa sociedade passa.
O investimento na troca das cédulas poderia ser utilizado na melhoria das
cidades. Cada religião tem o seu Deus e não vejo agressão a nenhuma religião,
até porque a citação não vem assinada dizendo que foi um pastor ou um padre”,
analisou.
Evangélico
Para o pastor evangélico Valdir Mota, os custos adicionais com a
reprodução de novas cédulas são desnecessários e que deveriam ser utilizadas em
recursos para suprir as necessidades da população. “Na medida há vários
questionamentos, a questão religiosa e a questão política. Será que as pessoas
reverenciam o que está escrito nesta frase? ou apenas colocaram o nome lá? O
Brasil é um país religioso e na maioria das religiões acreditam e Deus. Não
acredito que ofenda os ateus, já que há uma forte ligação entre as religiões,
independente de qual religião você siga”, ressaltou.
Internautas
O internauta Souza critica a ação ao achar que “as pessoas com
essa atitude não amadureceram” e que “Deus Seja Louvado, “é dita em quase todas
as crenças (religião)"
O leitor Joaquim questiona “será que essa procuradora ingressou
no seu cargo por concurso público ou entrou pela janela”... “esse tipo de
alegação, como o da procuradora, geralmente é feita por quem nunca leu o
preâmbulo da Constituição”.
Edmilson Lucena acha que o “Poder Judiciário quer dar uma de
Congresso Nacional. Acha que poder é composto por pessoas que passaram “em
Concurso Público e não “tem a mínima ideia do que é representar uma
coletividade”. Completa dizendo que “tal absurdo vai acabar sendo aprovado pelo
Judiciário que certamente não está a serviço da população e nem de Deus”.
O internauta Rafael Lines, às 10h43, discordou de todos, acha
que a procuradoria está certíssima e argumenta que “sou ateu, cidadão, pago
meus impostos e não quero meu dinheiro com a frase "Deus seja
louvado". No entanto, estou acostumado com este país de pessoas com baixa
capacidade intelectual, que ainda acreditam em Deus. Nos países desenvolvidos da
Europa, Deus é coisa do passado.
Franciney Borges de Sousa diz que não possui nenhuma religião
mais acredita muito em Deus. Entretanto, ele diz defende que “sendo o dinheiro
usado para drogas, prostituição, e homicídios, o nome de Deus deveria ser
preservado”.
Ilira acha a questão polêmica e expõe que Deus é o mesmo paras
as três grandes religiões reconhecidas (judaica, cristã e muçulmana). “O
dinheiro é a invenção e a canga do homem, nada tem a ver com Deus! Os
americanos têm mencionado "Deus" em suas notas há muito tempo (in
"god" we trust) e, apesar das crises financeiras do passado e a
atual, até certo ponto vem dando certo! Ainda é a moeda mais comercializada do
planeta! O homem está cada vez mais existencialista, é bom lembrá-lo que sua
ciência tem limite! Deixem as notas como estão"!
Para Priscila Moura existem coisas mais importantes e úteis a
serem alvos de preocupação do que uma frase em cédula de dinheiro e que
“poucas pessoas notam” . “Acredito que a Procuradoria Regional dos Direitos do
Cidadão em São Paulo deveria gastar tempo e energia com ações mais “palpáveis”.
Fonte: http://acritica.uol.com.br
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