Aprender a dialogar – Por Darci Vilarinho
As sociedades são cada vez mais
multiculturais e multi-religiosas. O fundamentalismo é sempre uma falsificação
das religiões cuja tarefa no mundo é promover a paz, a justiça e o perdão, e
lutar pela defesa dos direitos humanos.
Não haverá paz no mundo sem paz
religiosa. E para que haja paz entre as religiões há que promover o diálogo
entre elas.
Vem isto a propósito da abertura
de um novo espaço de diálogo inter-religioso e intercultural em Viena de
Áustria. Tem o nome do rei Abdullah da Arábia Saudita e foi inaugurado no fim
do ano 2012.
É mais uma tentativa de construir pontes entre as religiões, na
compreensão mútua e na cooperação em ações de paz e de promoção dos direitos
dos povos. O facto de o Centro ser dirigido por nove personalidades: três
muçulmanas, três cristãs, um hebreu, um hindu e um budista, pode ser promissor.
Mas, o mais estranho disto tudo é que seja apoiado pela Arábia Saudita, onde
não é permitida nenhuma outra religião para além do Islão e onde expor em
público ou em privado os símbolos da fé cristã pode levar à prisão ou expulsão
do país. Estas duas medidas, diálogo fora e repressão dentro, têm suscitado
críticas na Europa e nos meios muçulmanos mais liberais.
É de louvar, por isso, a
franqueza do cardeal Tauran, Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo
Inter-religioso, o qual, na inauguração desse espaço, sublinhou a sua
importância como “oportunidade de um diálogo aberto sobre numerosos temas,
inclusive os relacionados com os direitos humanos fundamentais, e em particular
com a liberdade religiosa, em todas as suas formas, para todos, para todas as
comunidades e em qualquer lugar”.
São palavras que refletem a preocupação da
Santa Sé pelo modo como as comunidades cristãs vivem naqueles países onde a
liberdade religiosa não está garantida. O Centro dará o seu contributo para que
os contemporâneos não sejam privados da luz e das propostas que a religião
oferece para a defesa dos direitos humanos e a felicidade de toda a pessoa.
Na Ásia, berço das mais
importantes religiões mundiais, os Missionários da Consolata na Coreia do Sul
acabam de inaugurar outro espaço de diálogo inter-religioso, intitulado “Fonte
de Consolação”. O gesto simbólico de aí plantar três pequenas árvores quer
expressar a vontade de fazer frutificar os dons da paz, do diálogo, da
fraternidade e da solidariedade entre as religiões. O futuro está no diálogo,
mas o diálogo aprende-se.
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