Igreja cristã divide templo com muçulmanos - Por Jarbas Aragão
A Igreja Episcopal de São João,
na cidade de Aberdeen, Escócia, recebe centenas de muçulmanos que entram por
suas portas para fazer suas orações cinco vezes ao dia.
O responsável pela igreja, pastor Isaac
Poobalan, entregou parte da nave do templo ao imã Ahmed Megharbi.
Como a mesquita usada por eles
ficou pequena, muitos eram forçados a ficar do lado de fora, muitas vezes
fazendo suas cinco rezas diárias expostos ao vento, chuva e até neve.
Poobalan disse “Eu sabia que não
podia permitir isso, pois estaria ignorando o que a Bíblia nos ensina sobre
como devemos amar ao próximo. Quando falei com as pessoas da igreja sobre a
situação, a maioria não achou que isso seria um problema”.
Ele conta que certa vez passou
pela mesquita, que fica próxima à sua igreja e “Eles estavam do lado de fora
orando e caiu a primeira neve deste inverno, foi muito difícil apenas assistir.
Eu me senti mal, principalmente porque nossa Igreja está bem ao lado, é um
edifício grande e permanece vazia durante as sextas-feiras, o dia que eles
precisam de mais lugares”.
Como a sexta é o dia sagrado para
os muçulmanos, é difícil não estranhar dezenas deles entrando numa igreja
evangélica para orar várias vezes durante o dia.
Poobalan acredita que sua atitude
servirá para ajudar a construir pontes entre os cristãos e os muçulmanos, mesmo
que algumas pessoas de sua congregação tenham se oposto.
”A divisão religiosa não deveria nos dividir
como pessoas. No início foi estranho e novo. Havia alguma ansiedade natural.
Mas depois os membros perceberam que há muito em comum entre nós [cristãos e
muçulmanos]. Quando falei com o imã houve alguma hesitação por parte deles
também, pois isso nunca fora feito antes. Contudo, eles aceitaram nosso convite
e tem sido uma relação positiva.”
Essa é a primeira vez que
cristãos e muçulmanos dividem oficialmente um templo no Reino Unido.
Iniciativas parecidas já ocorreram nos Estados Unidos.
O xeque Ahmed Megharbi, líder
espiritual da mesquita disse: “O que acontece aqui é algo especial e não vejo
nenhum problema se isso se repetir em todo o país. Nossa relação é amigável e
respeitosa.”
O bispo de Aberdeen e Orkney,
Robert Gillies, disse que essa relação pode marcar o início de uma mudança na
dinâmica entre as duas religiões. “Seria bom pensar que podemos mudar o mundo.
Mas, às vezes, alguém percebe que podemos fazer algo de importância global em
uma escala local”.
Para Gillies, os ‘olhos do mundo’
foram voltados para a maneira pacifica que as duas religiões convivem naquela
comunidade. Embora lembre que a igreja cristã considera Jesus como filho de
Deus, ressalta que a fé muçulmana o vê apenas com um profeta.
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