Panorama de nossas águas continentais - Por Antonio Cícero de Oliveira


         
O ano de 2013, foi escolhido pela ONU, como 

“Ano da Cooperação pela Água”

momento de reflexão, conscientização, porque grande parte de nossas águas continentais estão sendo contaminadas pela ação humana. 

Liquido, insipido e inodoro, vital para vida. Dois terços da superfície do planeta são cobertos por água, sendo 97,5% oceânicas e apenas 2,5% continentais. No principio, a água se formou pela liberação de grande quantidade de gazes, hidrogênio e oxigênio na atmosfera primitiva, que se combinaram e deram origem aos primeiros vapores de água, que atraídos pela gravidade caíram em forma de chuvas torrenciais. 

Logo os eventos de orogênese, esculpiram o relevo e deram formas a rios, mares, lagos e as águas subterrâneas. Composto fundamental a vida, patrimônio de todos os seres vivos. 

Corresponde a 2/3 do peso corporal, participa de varias reações intracelulares, transporta seiva bruta nas plantas, tem ação nos processos de interperísmo químico e biológico, esculpe rochas.

Sagrada nos ritos das religiões, a Bíblia fala da água como símbolo do Espírito de Deus que derrama sobre a Terra, Sagrada também para os povos indígenas, “Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede, carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças” - Cacique Seatle. 

A quantidade de água doce estocada no planeta, é suficiente para atender até sete vezes anual o que cada habitante do planeta necessita, apesar de ser abundante representa apenas , 0,26% do estoque mundial, água pronta para beber, o restante estão nas calotas polares, e no gelo eterno das montanhas. 

Grandes civilizações surgiram através das águas de rios, a exemplo; o Nilo para o Egito, o Tigre e Eufrates para os Mesopotâmios, no Brasil, o São Francisco para os povos ribeirinhos e Amazonas para os povos indígenas, e tantos outros espalhados pelo mundo. As demandas de águas no planeta vem aumentando nos últimos anos. A agricultura para produção de alimentos representa 56%, o uso domestico, 27%, a industria 12% e a pecuária 5%. 

O consumo diário por pessoa vem também aumentando, só nos últimos 20 anos a população mundial teve um aumento em 1.8 bilhões de pessoas, período em que resultou na diminuição de um terço de reservas de águas. Estima-se que nos últimos sessenta anos, a população mundial duplicou enquanto o consumo de água multiplicou por sete vezes. 

O aquífero gallala, a maior reserva de água dos Estados Unidos e do planeta, transformou vasta regiões de planícies secas em terras altamente produtivas, levando a comprometer suas reservas hídrica. O aquífero Guarani cruza a fronteira de sete estados brasileiro e avança pelos territórios argentino, paraguaio e uruguaio, é responsável por uma mega exploração de seus recursos para diversos fins. 

No Estado de São Paulo por exemplo; dados de 2005, abastece 72% total ou parcial de seus municípios. “Onde estão os recursos hídricos de águas superficiais”?

O processo tecnológico, a amplitude cada vez maior dos horizontes urbanos ante a um aumento demográfico explosivo e a crescente produção industrial, contribui acelerando a perda de recursos naturais. 

O desmatamento excessivo de florestas e campos, poluição de rios e bacias hidrográficas por agrotóxicos da cultura de exportação, a exemplo o que acontece na região nuclear do Bioma Cerrado, gera conflitos, compromete abastecimento de populações indígenas, já nos centros urbanos, o mau uso, aliado ao desperdício, ineficácia da logística do gestor público, gera o desabastecimento tornando uma realidade de rotina em muitos municípios brasileiros. 

O problema atual e principalmente no futuro se dará pela quantidade e qualidade da água pronta e própria para o consumo humano. A água existirá, porem vai se encontrar cada vez mais comprometida, controlada e privatizada. É necessário um novo olhar, novo modelo de consumo, sustentabilidade é o paradigma, assim teremos água disponível como bem público mais precioso, saciando a sede da presente e principalmente das futuras gerações.

O autor, Antonio Cícero de Oliveira, é licenciado em geografia

Fonte: http://www.jcnet.com.br



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