Faculdades de pequeno e médio porte pedem mudanças em avaliações – Por Mariana Tokarnia
Instituições de ensino superior
particulares de pequeno e médio porte pedem mudanças nas avaliações do MEC
(Ministério da Educação) e uma maior participação no Fies (Fundo de
Financiamento Estudantil).
Reunidos em Brasília na terça-feira (9),
representantes dessas instituições apresentaram dados e discutiram problemas e
avanços no setor.
Segundo dados divulgados pelo
Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino
Superior no Estado de São Paulo), as instituições de ensino privado com até 2
mil alunos representam 59% do ensino superior no Brasil.
"São instituições
diferentes das de grande porte. A maioria está localizada no interior, nos
locais aonde as grandes não chegam. Elas estão inseridas no contexto local e
apresentam muitas vantagens tanto para os estudantes quanto para os contextos
em que estão inseridas", destacou a diretora acadêmica da Abmes
(Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior).
De acordo com a diretora, essas
instituições deveriam receber uma avaliação de qualidade de acordo com o
contexto em que estão inseridas. "Muitas têm conceito 1 ou 2 no MEC
[considerado insuficiente] por não cumprirem as exigências de formação do
professor, que devem ser mestres ou doutores, e de dedicação mínima de 20 horas
semanais dos docentes". Segundo ela, isso não diminui a qualidade ou a
importância da instituição.
A Fatep (Faculdade de Tecnologia
de Piracicaba), com cinco anos de existência, é a primeira voltada para o setor
na cidade paulista. Na região, está instalada a fábrica de automóveis Hyundai
Motor Brasil e, de acordo com o diretor e mantenedor da instituição, Marcos
Antonio de Lima, muitos estudantes trabalham no setor.
"Para mim seria
melhor contratar professores que tivessem contato diário com o mercado, mesmo
que não tenham títulos acadêmicos. Mas, para obter uma boa avaliação, tenho que
ceder em alguns pontos."
Ele disse que, em relação à carga
horária, para cumprir as 20 horas semanais, professores têm que dar aulas além
da disciplina principal, de outras relacionadas à competência.
"Em vez
disso, poderia ter duas jornadas parciais de professores especialistas nessas
competências, ou mesmo horistas [pessoas que têm a remuneração calculada por
hora de trabalho], que dividissem o tempo entre a sala de aula e o mercado de
trabalho."
Outra demanda das instituições é
uma maior participação no Fies. A concessão do financiamento atrairia mais
estudantes e tornaria as faculdades mais acessíveis. No entanto, para
participar do programa, as instituições precisam de uma avaliação positiva, o
que não ocorre com grande parte delas.
Outra situação enfrentada pelas
pequenas instituições é a concorrência com as de grande porte. De acordo com os
números divulgados pelo Semesp, em 2009, os estabelecimentos de pequeno porte
somavam 1.363. Em 2011, o número caiu para 1.231.
"Temos que enfrentar o poder
e a força política e econômica dos grandes grupos. A nossa faculdade já recebeu
ofertas de compra mais de uma vez", disse a diretora acadêmica da
Faculdade Nobre de Feira de Santana (BA), Célia Chistina Silva Carvalho.
A
faculdade é destinada principalmente a cursos na área da saúde. "Foi feito
um levantamento e esses cursos foram identificados como as maiores
demandas."
A instituição atende, na maioria,
a jovens do entorno da região. "A faculdade representa um vetor de
desenvolvimento inquestionável e contribui para a interiorização da
educação", diz Célia.
Fonte: http://educacao.uol.com.br
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