Cardiologistas começam a estudar efeito da espiritualidade sobre o coração
Os participantes do
68º Congresso Brasileiro de Cardiologia
no Rio de
Janeiro, vão discutir em duas mesas redondas as primeiras pesquisas científicas
sobre o efeito da religiosidade e da espiritualidade sobre as doenças do
coração.
O tema é tão sério que 500 cardiologistas assinaram o documento que
levou à criação do Grupo de Estudos em Espiritualidade – GEMCA, sob a direção
de Álvaro Avezum, que já coordena um grupo semelhante no Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo.
“As evidências científicas de que as pessoas com espiritualidade
avaliada por meio de questionários validados controlam melhor sua pressão
arterial, tem menores riscos cardíacos que levam a infartos e derrames e tem
melhor qualidade de vida têm aumentado gradativamente na literatura médica”,
comenta o médico.
Álvaro Avezum enfatiza que o termo espiritualidade
envolve postura perante a vida e não especificamente religião, tanto que
o grupo que estuda o tema, em São Paulo, é integrado por agnósticos, judeus,
católicos, protestantes, muçulmanos, hindus, espíritas e até mesmo ateus.
Como o congresso nacional é em setembro, no Riocentro, e inclui duas
mesas-redondas sobre o assunto, os cardiologistas Avezum, Roberto Esporcatte,
Mario Borba, Lucélia Magalhães, Fernando Lucchese e os demais integrantes do
grupo tem pouco tempo para apresentarem resultados das pesquisas disponíveis,
como também aquelas que eles se propõem realizar, consideram que esta área
merece avaliações científicas sistemáticas e robustas.
“Hoje posso dizer com
segurança a um paciente que se ele fuma, tem maior possibilidade de sofrer um
infarto que um não fumante”, diz o especialista, e “provavelmente, há de chegar
um dia que com a mesma certeza poderemos dizer ao paciente que se for
espiritualizado e souber lidar adequadamente com suas emoções, poderá evitar as
doenças cardiovasculares”.
A pesquisa do GEMCA é tanto epidemiológica como clínica e começará com
um levantamento sobre a religiosidade e espiritualidade dos 14.000 médicos
associados à Sociedade Brasileira de Cardiologia.
O questionário é de um estudo
norte-americano, pois há bastante tempo os EUA investem nessa pesquisa, tanto
que 80 Faculdades de Medicina daquele País incluem formalmente no currículo a
cadeira ‘Saúde e Espiritualidade’, matéria que só é curricular em três
instituições brasileiras.
O interesse dos cardiologistas se explica, sejam eles religiosos ou não,
pelo fato de que todo médico se depara com clientes que claramente melhoram
após uma promessa, oração ou um pedido a um santo de sua devoção para que ajude
na cura e o profissional procura informações científicas para dar uma resposta
a esse tipo de questionamento.
A literatura científica mundial, que é vasta sobre o tema, faz uma
correlação direta sobre espiritualidade e doenças cardiovasculares, e o GEMCA
se propõe verificar se a conclusão é válida também para o Brasil.
Segundo os
médicos, este é o momento para uma avaliação científica de novos paradigmas
para melhor explicar o processo de adoecimento na área cardiovascular. “O que
nos torna mais científicos e menos dogmáticos”, conclui o especialista.
Para
Álvaro Avezum, a ciência valida os sentimentos de paz, tolerância,
tranquilidade, perdão e resignação, e chegou o momento de comprovar até que
ponto essas atitudes perante a vida, que caracterizam uma personalidade
espiritual, influenciam na saúde do coração.
Fonte: http://www.segs.com.br
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