Islão quer restaurar laços com Igreja Católica - Por Luís Manuel Cabral
Um enviado do maior centro de
aprendizagem islâmico sunita, Al-Azhar, no Cairo, está hoje no Vaticano para
restaurar os laços com o Cristianismo, alegando que o Islão é uma religião
pacífica.
Em declarações ao diário italiano
Il Messaggero, Mahmoud Abdel Gawad, enviado diplomático de Al-Azhar pediu ao papa
Francisco para dar "um passo em frente".
"Os problemas que tínhamos
não eram com o Vaticano, mas com o antigo papa [Bento XVI]", acrescentou,
sublinhando que agora as portas desta igreja "estão abertas" a
negociações.
Segundo o enviado,
"Francisco é um novo papa", e se "um dos seus discursos fosse
para declarar que o Islão é uma religião pacífica e que os muçulmanos não
procuram a guerra ou a violência, isso seria um progresso".
A cerimónia em março, na qual o
papa Francisco lavou os pés de reclusos, em Roma, incluindo os de uma jovem
muçulmana, foi, de acordo com o enviado "um gesto muito respeitado".
Mahmoud Abdel Gawad convidou o
novo papa a visitar a mesquita de Al-Azhar, no caso de viajar para o Egito para
visitar Tawadros II de Alexandria, líder da Igreja Ortodoxa, afirmando que,
"nesse momento, o diálogo seria imediatamente restaurado".
Contudo, Mahmoud Abdel Gawad
descartou a possibilidade de se reunir "com os israelitas", o que
dificulta as conversações conjuntas dos três líderes monoteístas (cristão,
islâmico e judaico).
Em 2006, o papa Bento XVI
provocou indignação no mundo muçulmano, quando contou uma anedota, segundo a
qual o profeta Maomé foi descrito como um senhor da guerra, que espalhou
ensinamentos malignos.
O diálogo entre a Igreja Católica
e o Islão foi retomado três anos depois, em 2009, mas foi novamente cortado,
depois de o anterior papa ter chamado a atenção para a proteção das minorias
cristãs, na sequência de um atentado de 2011, numa igreja em Alexandria.
Al-Azhar é uma mesquita do Cairo,
no Egito, cujo líder, atualmente o imã (sacerdote muçulmano) Mohamed Ahmed
el-Tayeb, é considerado uma das principais autoridades dos muçulmanos sunitas.
Fonte: http://www.dn.pt
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