Produtos ligados à religião movimentam R$ 12 bi por ano
Fábrica de hóstias em Ponte Nova
(MG) fatura R$ 2,5 milhões por ano. Em SP, empresa produz 14 mil imagens religiosas de gesso por mês.
O setor de produtos ligados à
religião movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano, no mínimo. E a produção de
hóstias e de imagens de gesso representa duas vertentes desse bilionário
mercado religioso.
O Mundo S/A foi à Fábrica de
Hóstias Nossa Senhora de Fátima, que fica em Ponte Nova (MG), e é uma das
maiores do país. A empresa tem o faturamento de R$ 2,5 milhões por ano, e
cresce 15% ao ano. Ela é uma das três no Brasil selecionadas para produzir as
hóstias usadas nas missas durante a Jornada Mundial da Juventude.
Aliás,
elas só são chamadas de hóstias depois de serem consagradas. Numa linha de
produção, são apenas finíssimas "partículas", feitas de farinha, água
e nada mais.
Um dos aspectos mais curiosos que
a equipe do Mundo SA descobriu sobre o processo é que 90% da produção são
descartados. Os motivos são vários: a massa é fina demais e se quebra com
facilidade. E se a hóstia não estiver perfeita, também não passa pelo controle
de qualidade.
Além disso, na hora do corte arredondado das partículas, as
bordas se perdem. O proprietário da fábrica, Ari Bruno Júnior, já tentou de
todas as maneiras contornar o problema, sem sucesso.
E completa:
"Infelizmente, farinha de trigo só permite um cozimento. Depois que as
moléculas são quebradas, não tem como cozinhá-las de novo. Cozinhou, acabou,
joga fora".
Na verdade, as sobras são doadas
para instituições de caridade, que as usam para fazer bolos e biscoitos, ou são
vendidas a um preço irrisório, R$2,00 o saco de 50 quilos, para criadores de
animais.
Ari Bruno vive sendo consultado
por outras pessoas que querem entrar no ramo. Ele é sincero: "É um mercado
muito especifico, é um casamento. Todo negócio é difícil se desfazer. Esse é
impossível. Uma fábrica de hóstia você não consegue vender. Vai arcar com o
prejuízo. Então, pense bastante. É um bom negócio, mas é pra vida
inteira", explica.
Imagens Bahia produz imagens de
gesso e fatura R$ 3 milhões ao ano
A “Imagens Bahia” é a maior
fábrica de imagens religiosas de gesso do Brasil. Ela produz hoje 14 mil peças
por mês, sendo 1,8 mil modelos diferentes. A maioria é de santos católicos; 95%
da produção abastece o mercado interno e o restante é exportado. O faturamento
da fábrica, R$ 3 milhões ao ano, cresce em ritmo de dar inveja a muitos
empresários: de 5 a 6% ao ano.
A família Ferreira Dias começou o
negócio com uma lojinha em São Paulo, na década de 30, e cresceu respondendo às
demandas dos clientes. Sobreviveu à concorrência dos produtos chineses
despejados no mercado brasileiro, basicamente graças à filosofia da empresa,
como explica o sócio diretor, Nélson Ferreira Dias:
"Respeito, qualidade,
carinho, uma série de coisas humanas fazem o negócio funcionar. Não adianta
nada ter um produto mecânico. Nosso produto vem da alma, vem de dentro. Não
adianta fazer imagem torta, com cara feia, tenho que fazer uma imagem
angelical, bonita, atraente, que tenha uma força dentro dela", explica
Nélson.
A imagem que mais vende é a de Nossa Senhora de Aparecida. Foram 30 mil
em 2012.
Fonte: http://g1.globo.com
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