ONG tenta impedir sacrifício de animais em rituais religiosos - Por Leiliane Roberta Lopes

A ONG SOS Aves & Cia está há três anos trabalhando com o projeto “Bicho Sagrado” que tem como objetivo impedir que animais sejam sacrificados em rituais religiosos.

Ao longo desses anos os voluntários já conseguiram recolher 2.648 animais, mas apenas 30 conseguiram sobreviver e foram levados para os abrigos da ONG que estão localizados em Saquarema e Itaipava, no Rio de Janeiro.

O presidente da ONG, Paulo Maia, se vale da Lei 9.605 para dizer que a matança a animais é crime. “Não temos nada contra a religião de ninguém, mas torturar animais é crime tipificado na lei, passível de prisão e multa. É preciso saber o que é religiosidade e o que é crime de maus-tratos”, disse.

A referida lei diz que matar animais só é permitido nos casos de: saciar a fome, proteger lavouras ou no caso onde o animal apresente risco ao ser humano.

O jornal O Globo conversou com o axogum Marcelo Monteiro para esclarecer sobre o uso de animais nos rituais religiosos. Como representante do Candomblé ele garantiu que os animais sacrificados servem de alimento e o couro é usado na fabricação de materiais.

“Nada é jogado fora. O sacrifício é justamente para trazer toda a força vital do animal para nós, por meio principalmente do alimento”, disse ele que é a pessoa responsável por fazer os sacrifícios.

Na explicação de monteiro quem deixa o animal morto abandonado na rua não pertence às religiões de matrizes africanas tradicionais. “Dentro da nossa religião é impensável deixar um animal morto abandonado na rua”.

Na ONG de Paulo Maia muitos animais são resgatados em estado crítico. Um voluntário do projeto Bicho Santo encontrou um bode com sete facas na cabeça e só sobreviveu ao ser tratado pelos veterinários da SOS Aves & Cia.

“As pessoas precisam ter coragem de denunciar. Um bode agonizando em uma encruzilhada não é religiosidade, sob hipótese alguma. É crime e tem que ser punido”, diz Maia.


Mas para o axogum, impedir sacrifícios de animais é um preconceito com as religiões de matrizes africanas. 

“O sacrifício de animais é parte fundamental da nossa religião e da nossa cultura. Tentar proibi-lo é um desrespeito ao estado laico e às tradições africanas. É intolerância religiosa. O que se pode fazer é levar conhecimento às pessoas para que elas saibam que existe momento e local certo para esses sacrifícios”.



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