Banco do Vaticano publica contas pela primeira vez
O Instituto para as Obras
Religiosas (IOR), conhecido como o Banco do Vaticano, publicou hoje (01/10) pela
primeira vez o balanço anual, com um resultado líquido de 86,6 milhões de euros
em 2012.
Até agora, o Banco do Vaticano, cujo secretismo levou à inclusão na
"lista negra" das instituições financeiras, não publicava as contas
da entidade.
O documento, de mais de 100
páginas, contém, além do balanço de 2012, um resumo das contas dos primeiros
oito meses de 2013 e um relatório que certifica os dados, levantados pela
empresa de auditoria internacional KPMG.
O IOR apresentou, em 2012, lucros
líquidos de 86,6 milhões de euros, dos quais 54,7 milhões se destinaram aos
cofres do Vaticano. Em 2011, o IOR declarou lucros de 20,3 milhões de euros.
O novo presidente da entidade
bancária do Vaticano, Ernest von Freyberg, explicou à Rádio Vaticano que
"o IOR está empenhado num processo de reformas exaustivas, para promover
os mais rigorosos padrões profissionais e de conformidade, incluindo a
aplicação de processos rigorosos contra a lavagem de dinheiro e a melhoria das
estruturas internas".
Ernest von Freyberg foi nomeado
em fevereiro de 2013 pelo papa emérito Bento XVI. "Estamos realizando uma
avaliação exaustiva de todas as contas dos nossos clientes, para pôr fim
àquelas relações que não estejam em conformidade com a missão do IOR", explicou
o alemão.
De acordo com os dados divulgados
pelo IOR, 54,7 milhões destinaram-se aos orçamentos do Vaticano e 31,9 a uma
reserva para "eventuais riscos operacionais gerais".
"A política de investimento
do IOR está pensada, sobretudo, para garantir a segurança dos bens que nos são
confiados e a nossa atenção está concentrada numa gestão de conservação e de
baixa exposição ao risco", explicou Freyberg, no documento.
Das contas de 2012, os juros
líquidos registados foram no valor de 52,2 milhões de euros, o que implica uma
quebra de 19,6% em relação a 2011.
O valor líquido das comissões foi
12,2 milhões de euros (19,6% mais que em 2011), enquanto 51,1 milhões de euros
foram obtidos por meio de outras atividades como a venda de títulos. No ano
anterior, essa parcela acumulou perdas de 38,2 milhões de euros. Em 2012, os custos operacionais
foram 23,9 milhões de euros (mais 12% que em 2011).
Em depósitos de clientes, o IOR
registou, em 2012, 6,3 bilhões de euros, repartidos em 2,3 bilhões em
depósitos, 3,2 bilhões de euros em contratos de gestão patrimonial e 800
milhões em títulos, o que implica um patrimônio líquido de 769 milhões de
euros.
Ao todo, o IOR gere 13,7 mil
contas bancárias, pertencentes a membros do Clero, funcionários ou antigos
funcionários do Vaticano.
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