Bibliografia escrita por mulheres é pouco recorrente em trabalhos de estudantes de Teologia
Ao realizar um levantamento dos
trabalhos acadêmicos produzidos no contexto do bacharelado em Teologia da
Faculdade EST, os pesquisadores André Musskopf e Marcia Blasi detectaram a
invisibilidade de mulheres citadas nas bibliografias, o que revela que os
estudantes lêem pouco sobre aquilo que as mulheres escrevem.
Os resultados da pesquisa foram
apresentados em mesa temática do
I Simpósio Regional Sul
que esteve reunido em
São Leopoldo dias 17 a 19 de outubro. O encontro foi promovido pela Associação
Brasileira de História das Religiões (ABHR).
Segundo André, a maioria absoluta
dos orientadores dos trabalhos que integram o acervo da biblioteca é homem. Ele
revelou também que, primeiro, aparecem mulheres na bibliografia, depois em
partes dos trabalhos, depois nos títulos e, finalmente, tem início uma produção
feminista mais sistemática a partir da década de 1960.
“A Teologia Feminista, em
permanente construção, não quer ser um ‘enfeite’ à Teologia, mas sim gerar uma
revolução na maneira de ser Igreja”, enfatizou Marcia.
A pesquisadora, que
coordena ao lado de André o Programa de Gênero e Religião da EST, enfatizou que
a Teologia Feminista é pensada por homens e mulheres que buscam equidade de
gênero e que questionam as formas históricas de dominação.
Coordenador do evento, o reitor
da Faculdade EST, professor Oneide Bobsin mencionou que, ao acolher as
atividades do I Simpósio Regional Sul, a EST deu mais um passo para se inserir
nas discussões sobre as religiões no Brasil. Além disso, sublinhou, o encontro
ofereceu ampla visibilidade à produção teórica de qualidade desenvolvida por
pesquisadores da instituição.
Também como coordenador do
evento, o professor Valério Schaper explicou que, a partir de 2013, a ABHR
começou a realizar encontros regionais nos anos ímpares e encontros nacionais
nos anos pares. “Essa foi uma mudança estratégica a fim de captar ainda mais a
diversidade religiosa e as singularidades regionais na produção dos estudos da
religião”, frisou.
Professor da PUC-Minas e
presidente da ABHR, doutor em Ciências da Religião, Wellington Teodoro da
Silva, mencionou que a temática norteadora do encontro, “Cartografias do
Sagrado: Religião, Espaço e Fronteiras”, respondeu a uma tradição do Rio Grande
do Sul de estudar questões vinculadas ao lugar e ao espaço.
O encontro de São Leopoldo reuniu
11 simpósios temáticos que discutiram, entre outras questões, as interfaces
entre religião e educação; a história das mulheres na história da teologia e
das religiões; os lugares e territórios dos Direitos Humanos; e as fronteiras
religiosas e teológicas entre pentecostalismo e neopentecostalismo.
Promovido pela ABHR, o I Simpósio
Regional Sul contou com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES).
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