Complementariedades entre natureza e religião – Por Abílio Vilaça
A relação da natureza com o
religioso é uma constatação evidente da própria vida humana. Frequentemente
somos confrontados com a origem da humanidade, a criação do mundo. É rica a
associação entre os relatos bíblicos da longa história da igreja e os aspectos
mais marcantes da vida animal, vegetal, fenómenos meteorológicos entre outros.
Os Santuários mais notáveis foram erigidos no cimo das montanhas, e muito da história dos nossos apóstolos referem constantemente o ambiente natural, o baptismo de Cristo no rio Jordão, na Terra Santa.
São Bento refugiou-se numa
gruta em Affile, na região de Lácio em Itália, a fim de viver como eremita em
contacto com a natureza. São Francisco de Assis isolou-se também da vida mundana
e procurou o contacto com os mais pobres e simples.
Os retiros espirituais dão-se em contacto com a natureza, na procura do silêncio, promovendo a contemplação e a introspecção individual.
Associa-se á natureza uma dimensão mais próxima da pureza espiritual. A Água, o Vento, o Fogo constituem-se como elementos fundacionais. Também as montanhas nos aproximam do Céu e podem ser vistas como altares de pedra.
O Santuário de
São Bento em pleno Parque Natural do Gerês, em contacto com um ambiente rural
único e detentor de uma cultura ímpar, com rituais e uma presença regional
verdadeiramente notáveis, fazem-nos compreender essa dimensão multifacetada de
ligação entre a natureza e a religião.
O Monte de Santa Luzia em Viana do Castelo que parece controlar o estuário do rio Lima, onde se desenvolve um espaço florestal imenso que protege a Citânia de Santa Luzia, assumindo uma bela expressão do potencial de turismo de natureza em que o religioso está profundamente marcado. O Santuário de Santa Luzia é uma afirmação dessa dimensão religiosa-natural que deve ser ainda mais explorada pelo turismo.
O Monte de Santa Luzia em Viana do Castelo que parece controlar o estuário do rio Lima, onde se desenvolve um espaço florestal imenso que protege a Citânia de Santa Luzia, assumindo uma bela expressão do potencial de turismo de natureza em que o religioso está profundamente marcado. O Santuário de Santa Luzia é uma afirmação dessa dimensão religiosa-natural que deve ser ainda mais explorada pelo turismo.
O Santuário de São João de Agra integrado na Serra de Agra protegendo a Vila de Caminha e como que observando o rio Lima é um Santuário muito concorrido pela sua ligação ás celebrações solsticiais de Verão. É sem dúvida um espaço privilegiado para a contemplação que nos oferece um passado histórico único pela presença de gravuras rupestres.
O Santuário de Nossa Senhora da Abadia em Amares, enquadrado no território da Peneda-Gerês, com peregrinação e romaria muito concorridas favorece o contacto com a dupla dimensão do religioso e da natureza.
O Santuário do Bom Jesus em Tenões, Braga é uma das mais simbólicas referências Portuguesas sobre uma perspectiva denominada “sacromonte” para designar as características sagradas de uma montanha.
A Natureza agarrada ao religioso que
foi sendo transformada e humanizada de forma continuada desde 1494 e que se
liga posteriormente ao Monte de Nossa Senhora do Sameiro, já em território da
freguesia de Espinho. As peregrinações anuais e o seu posicionamento foi
conquistando o coração dos bracarenses pela presença de uma devoção permanente
a Nossa Senhora.
Nestas breves referências, surge claro uma presença da religião na dimensão de fé que leva muitos milhares de peregrinos a anualmente sentirem o dever de em peregrinação dedicar pelo menos um dia ao reencontro com o sagrado.
Nestas breves referências, surge claro uma presença da religião na dimensão de fé que leva muitos milhares de peregrinos a anualmente sentirem o dever de em peregrinação dedicar pelo menos um dia ao reencontro com o sagrado.
Participando na dimensão da Fé individual e em comunidade, os peregrinos vão montanha acima até aos Santuários. Muitos peregrinos seguem os trilhos, qual formigueiro que os levam no contacto com a natureza até ao Sagrado que representam os Santuários.
Uma vez regressados a suas casas, transmitem experiências únicas de vivências na relação com a natureza e da interajuda com os outros peregrinos e companheiros, para conseguir cumprir promessas e reencontrar-se consigo próprios.
Esta dimensão do Religioso e do contacto com a Natureza tem um significado muito importante e uma convergência promotora do equilíbrio do homem.
No Minho, o Turismo Religioso e o Turismo de Natureza andam de mãos dadas, pode por isso construir-se produtos de turismo religioso e de natureza numa nova dimensão. Esta realidade faz do turismo Religioso e da Natureza do Minho um potencial a explorar.
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