Homossexuais católicos portugueses saúdam decisão do Vaticano
No âmbito da preparação para o
sínodo sobre a família que decorrerá em 2014, o Vaticano enviou às conferências
de todo o mundo um inquérito, que aborda temas que, por vezes, dividiram a
igreja católica, como a proibição do uso de contraceção, a possibilidade de um
católico divorciado voltar a casar-se ou receber a comunhão e o número de
jovens que optam por viver juntos antes de se casarem.
A Rumos Novos - Associação
Homossexual Católica portuguesa congratulou-se hoje com a "atitude sem
precedentes" do Vaticano ao questionar de uma forma "franca e aberta"
as conferências episcopais sobre o divórcio, o casamento homossexual e a contracepção.
"Numa atitude sem
precedentes, o Vaticano acaba de pedir aos bispos de todo o mundo que perguntem
aos fiéis qual a sua opinião sobre os ensinamentos da igreja no que concerne à contracepção,
ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao divórcio", afirma a Rumos
Novos, num comunicado enviado à agência Lusa.
A associação refere que "é
com o coração cheio de júbilo" que os homossexuais católicos portugueses
recebem esta notícia.
"Como católicos, não podemos
deixar de reconhecer a atuação do Espírito Santo no seio da sua igreja, pois é
a primeira vez que o Vaticano pediu tal tipo de opiniões aos católicos de base,
pelo menos desde o pós-Vaticano II", observa.
A Rumos Novos sublinha que esta
"notícia é tanto mais importante" tendo em conta algumas posições
críticas tomadas pelo atual papa, quando ainda era primaz da Argentina, sobre
os homossexuais e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Para a associação, este inquérito
representa também "um forte compromisso com o Vaticano II, que desafiou a
Igreja a escutar os sinais dos tempos, para poder evangelizar de forma capaz,
como Cristo ensinou".
Realça ainda a "abordagem
franca, aberta e com espírito de partilha", em que, "finalmente, a
hierarquia católica não se inibe de falar de união civil, casamento entre
pessoas do mesmo sexo e adoção por casais de pessoas do mesmo sexo, sem ser
para os condenar".
A Rumos Novos, que trabalha
diariamente no acompanhamento, oração e partilha com homossexuais católicos
portugueses, deseja que a Conferência Episcopal Portuguesa "saiba
encontrar a melhor forma de levar este importante documento a toda a igreja
nacional para que possa ser um verdadeiro documento de partilha".
"Fraternalmente desejamos
que os Bispos portugueses sejam autenticamente encorajados pela Conferência
Episcopal a realizarem esta ampla consulta dos leigos e sacerdotes",
afirmam, acrescentando: "Se assim não for, teremos todos perdido uma
grande oportunidade de ouvir a voz do Espírito Santo a trabalhar na
Igreja".
A Rumos Novos encoraja
"todos os fiéis, particularmente os fiéis homossexuais católicos, a
fazerem ouvir as suas opiniões".
Para a associação, é chegado o
momento de os homossexuais católicos agarrarem esta oportunidade e "fazer,
mais uma vez, sentir à hierarquia católica a necessidade" de trabalhar
pela inclusão dos homossexuais.
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