Religião tem «legitimidade» para atuar no espaço público/Portugal
O diretor do Secretariado
Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), padre Tolentino Mendonça, disse à
Agência ECCLESIA que as religiões têm “legitimidade” para se afirmarem como
protagonistas no atual “espaço público”.
“A religião precisa de ser olhada
como um parceiro, com toda a legitimidade, a atuar no espaço público,
percebendo que o papel das religiões no interior de uma cultura é a promoção da
paz, a aproximação entre pessoas e a construção de um conjunto de valores
civilizacionais e espirituais”, declarou o sacerdote, à margem do colóquio ‘Do
Édito de Milão à atualidade: A Religião no espaço público’, que decorreu esta
terça-feira na Universidade Católica Portuguesa (UCP).
A iniciativa foi organizada pela
Sociedade Científica da UCP e o SNPC no 17.º centenário da publicação do Édito
de Milão, que concedeu liberdade religiosa aos cristãos no Império Romano.
Segundo Tolentino Mendonça, a
separação entre poderes “é um enorme benefício” para as sociedades democráticas
e é possível haver “um encontro” na “singularidade de cada um dos vetores”.
O padre João Seabra, diretor do
Instituto Superior de Direito Canónico da UCP, disse à Agência ECCLESIA que “a
razão política se deve deixar interpelar pela razão religiosa”.
“Se o discurso religioso for
excluído da formação da vontade coletiva, é evidente que isso é um
empobrecimento para o debate político”, destacou o especialista, para quem é
necessário também evitar a “rigidez, o fechar da Igreja num espaço próprio
alheio à vida social”.
Para o sacerdote, a presença da
Igreja recorda os “valores fundamentais da própria experiência humana” e uma
história de “atenção ao outro”, fruto da sua experiência milenar, que trazem um
“suplemento de ideal” ao agir político.
O padre João Seabra é autor da
obra ‘O Estado e a Igreja em Portugal no início do séc. XX - A Lei da Separação
de 1911’, o mesmo tema da tese de doutoramento que apresentou na Faculdade de
Direito da Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma.
Comentários