A ciência e o comportamento humano – Por Benedicto Ismael
Muitas pessoas agem de forma
automática sem refletir sobre suas ideias e ações.
Quando o cerebelo deixa de
atuar como ponte para a alma, significa que o raciocínio já tomou conta das
decisões, impedindo a reflexão intuitiva que possibilitaria perceber as motivações
ocultas e geralmente condicionadas.
Trabalhando com os sentidos e a
observação da natureza, a ciência acabou desacreditando a religião porque
esta se baseou em pressupostos dogmáticos criados pelos próprios homens,
em oposição às leis naturais, e com isso passou-se a crer que os
seres humanos e a Terra fossem o centro de tudo. Porém, tanto a religião como a
ciência acabaram se afastando da espiritualidade, permanecendo desconhecedoras
da origem da Criação, da vida e do ser humano.
Deepak Chopra, formado em
medicina na Índia, busca no livro: Ciência X Espiritualidade, a
compreensão da condição humana. Segundo ele, a espiritualidade se orienta
para uma região invisível e transcendente, interna aos indivíduos,
havendo uma realidade invisível que é fonte de todas as coisas visíveis e
que pode ser reconhecida pela nossa consciência.
No debate entre ciência e
consciência sobressai a questão da livre resolução dos seres humanos, cuja
naturalidade acabou sendo perdida nas complexas teorias religiosas e
científicas.
Segundo esclarecimentos do
escritor alemão Abdruschin (1875-1941), autor da: Mensagem do
Graal, cada intuição forma imediatamente uma imagem com a participação do
cerebelo que deve ser a ponte da alma para dominar o corpo. O cerebelo é a
parte do encéfalo que transmite o sonho, estando ligado
ao cérebro anterior de cuja atividade se originam os
pensamentos ligados ao espaço e ao tempo, os quais compõem o
raciocínio. Como ponte, o cerebelo possibilita a manifestação da alma
através de intuições, as quais dão as coordenadas ao raciocínio
formado pelos pensamentos. Quando o raciocínio se torna dominante, ele bloqueia
a intuição.
O ser humano não é
máquina, uma vez que as máquinas não podem tomar decisões por
si, mas apenas fazem aquilo para o que foram
programadas. Deepak defende que o ser humano tem a faculdade de decidir, de
fazer livres escolhas de forma consciente com o seu livre arbítrio. No entanto,
os humanos têm se deixado viciar em agir no piloto automático, sem prestar
atenção ao que fazem. Nesse caso, tendem a se tornar
subordinados ao cérebro e aos mecanismos aos quais se
deixaram plasmar. Por isso há muito esforço para entender como
funcionam o cérebro e o raciocínio para alcançar uma dose de
previsibilidade com relação ao comportamento humano.
Muitas pessoas agem de forma
automática sem refletir sobre suas ideias e ações, sem
perceber como e por que foi tomada determinada decisão. Quando o cerebelo
deixa de atuar como ponte para a alma, significa que o raciocínio já tomou
conta das decisões, impedindo a reflexão intuitiva que possibilitaria
perceber as motivações ocultas e geralmente condicionadas.
O naturalista
britânico Charles Darwin (1809-1882), havia percebido o instinto
de imitação dos animais e inclusive do ser humano.
Os animais jovens
imitam os mais velhos como meio de aprendizado; tudo é simples e natural.
Mas os humanos tendem a imitar os modelos que lhes são dados a
ver. E quando o ser humano passa a agir por imitação diante de
situações semelhantes às vividas pelos modelos apresentados, ele, na
realidade, está se reduzindo, tornando-se indolente por
não querer se dar ao trabalho de refletir sobre a forma e a
razão de estar agindo de uma determinada forma e não de outra que
poderia ser mais conveniente a si mesmo.
Na Roma antiga oferecia-se pão
e circo. No passado, a religião incentivava os fiéis a
permanecer na indolência e a não fazer muitas reflexões e análises,
aceitando tudo o que lhes fosse pregado.
Atualmente, também se nota um
esforço em manter a massa indolente, no piloto automático, tal
qual os cães de Pavlov que salivam ao ouvir a campainha que anuncia a
chegada da comida. Nós também nos deixamos enganar ao ver cenas de
filmes.
Embora sabendo que se trata de ficção, o cérebro age como se
estivesse diante de acontecimentos reais, podendo condicionar-se ao som das
"campainhas" que lhe são dadas a ouvir. Há
muitos modelos mórbidos, sem propósitos de vida.
Sem contato com o eu
interior, as pessoas tendem a imitar os modelos que lhes são
oferecidos. Os modernos estudos da neurociência avaliam as reações sinalizadas
no cérebro que captam os índices emocionais.
Em reportagem da revista Veja
sobre o cérebro, Carlos Augusto Costa, coordenador do laboratório
da Fundação Getulio Vargas (FGV), disse que "estamos longe de
entender completamente o cérebro humano, mas com as técnicas do neuromarketing
é possível desenvolver uma comunicação muito mais eficaz para candidatos a
cargos eletivos, empresas ou instituições públicas".
Trata-se, na
verdade, de uma tentativa para conquistar o inconsciente de eleitores
e consumidores em geral para que atuem na direção
desejada. Prova de que o viver se tornou sujeito a manipulações e
condicionamentos, pois as pessoas se acomodaram a uma situação de não
desenvolver esforços por si, como seria o natural.
Há um vazio de conteúdo espiritual
na vida e nos indivíduos. Apenas alguns poucos ainda estão procurando preencher
com Luz e Verdade, para compreender e alcançar os fins a que vieram.
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