Etiquetas no Budismo Tibetano - Por S.Ema. Gyalwa Dokhampa Jigme Pema Nyinjadh
Esta breve introdução serve
apenas como um guia básico para iniciantes e seguidores da tradição budista
tibetana. Pode variar de acordo com as diferentes preferências de diferentes
escolas.
De qualquer modo, os elementos mais importantes para seguir um caminho
espiritual são a motivação de praticar o Dharma e a genuína sinceridade em
receber as instruções de um Guru autêntico.
A. Na Presença de um
Guru
1. Rinpotche em
tibetano significa “Precioso”. Geralmente, esta é uma forma honorífica de
endereçar alguém reconhecido como um Tulku (que significa ‘uma grande
reencarnação’). Um(a) Rinpotche quase sempre passou por extensos
treinamentos desde a mais tenra idade, ou após ter sido descoberto (a) e
reconhecido(a). A razão principal para seus contínuos renascimentos é a de
beneficiar os seres, mesmo que na condição de uma situacao mundana. Ele, ou
ela, esforça-se para revelar os potenciais espirituais de cada indivíduo que
venha a entrar em contato. Portanto, um Rinpotche continua a renascer neste
mundo para aperfeiçoar a sua própria capacidade de atingir a iluminação,
através do benefício de todos aqueles que estão conectados com ele ou ela. Na
medida em que toda sua vida é dedicada para o bem-estar dos outros, livre de
considerações egoístas, um Rinpotche é aquele “Precioso” que merece muito
respeito e sinceridade, bem como, um tratamento atencioso.
2. Lama em tibetano
significa ‘Guru’. Um Guru é um mestre espiritual que tem a capacidade de guiar
aqueles que o sigam no caminho para a iluminação. Isso significa que um Lama
deveria ser um grande e realizado ser. Portanto, de acordo com a tradição
antiga do budismo tibetano, o termo ‘Lama’ não poderia ser utilizado
livremente. No entanto, hoje em dia, a maioria dos monges tibetanos são
geralmente endereçados como Lamas, independentemente de suas qualificações
espirituais, como uma forma respeitosa para com as suas responsabilidades
monásticas e sua representação como a sangha monástica.
3. Segundo a
tradição tibetana, quando se saúda um Rinpotche ou um monge/monja, oferece-se
um khatag branco (lenço de seda). Caso ele ou ela seja um grande Rinpotche e
ocorra de ele ser seu próprio Guru, é recomendado prostrar-se três vezes a ele
na chegada, antes do oferecimento do khatag.
4. Na partida, não é
recomendado prostrar-se ao Guru, pois isto simbolizaria que se tenha decidido
cortar a relação ou conexão com ele ou ela e que não se deseja encontrá-lo
novamente em vidas futuras.
5. Caso decida-se
pedir por alguma instrução, ensinamentos, empoderamentos, audiências privadas,
etc., recomenda-se fazer alguma forma de oferenda. Por exemplo, suporte
financeiro ou outros itens simbólicos, tais como frutas, flores ou qualquer
coisa que se considera como precioso para si mesmo. As oferendas podem ser
ofertadas como presents, ou envolvidas em um khatag. Fazer uma oferenda pela
qual se tem um forte apego, capacita a acumulação de infinitos méritos e a
eliminação do apego egoísta. Estes são os dois principais propósitos de
fazer-se oferendas aos iluminados e à sua comitiva.
6. Embora a maioria
dos Gurus não demandem tratamentos específicos e deixem os indivíduos se
portarem naturalmente em sua presença, é sempre recomendável, para o próprio
bem dos praticantes e devotos, permanecerem em um comportamento admissível e
adequado na presença de Gurus e de sua comitiva:
a) quando um Guru entrar em
uma sala, levante-se cordialmente ou curve-se levemente caso estiver sentado,
demonstrando o reconhecimento de sua presença.
b) quando o Guru entrar na sala,
imediatamente ofereça a ele uma cadeira ou um assento mais alto.
c) embora a maioria dos
Gurus venham a convidar indivíduos a sentarem-se com eles em um mesmo nível, é
sempre recomendado recusar seu convite e insistir para sentar em assentos mais
baixos ou no chão.
d) somente tome o seu
assento depois de que o Guru e sua comitiva tenham sentado confortavelmente em
seus devidos lugares.
e) sempre esteja atento
para com a saúde do Guru. Ainda que ele ou ela, ou mesmo que seus próprios
atendentes, façam quaisquer solicitações específicas, tais como oferecer água
para beber ou lavar, solicitar toalhas quentes, refrescos, etc., alguns Gurus
podem sofrer problemas de saúde que os impeçam de comer certos tipos de
alimentos. Assim, se não nos certificarmos adequadamente, poderemos acabar
oferecendo alimentos que possam vir a ser prejudiciais à saúde dos Gurus.
f. ainda que genuínos e
realizados Gurus sejam manifestações de seres iluminados, eles têm tomado
formas humanas para o nosso próprio bem, portanto, eles também necessitam de descanço.
É de responsabilidade dos seus seguidores agendar adequadamente períodos de
descanço e horários para audiências públicas ou privadas, bem como, o
tempo destinado a instruções e ensinamentos.
g. antes de realizar
quaisquer atividades que exijam a presença do Guru, deve-se primeiro perguntar
diretamente a ele próprio ou informar-se com seus atendentes a respeito
da vontade do Guru. Caso o Guru recuse, não insista.
B. Em um Monastério ou Santuário (Shrine)
1. Um monastério ou
um santuário (Shrine) é considerado como sendo a Mandala do Guru, onde os
sagrados ensinamentos dos Buddhas e dos iluminados são explanados. Portanto,
deveria-se manter uma atitude respeitosa ao estar em um monastério ou santuário
(Shrine).
2. A postura
adequada é sentar-se de pernas cruzadas, em uma almofada no chão. Caso isto
seja difícil devido a um desconforto ou problema físico específico, a pessoa
deve se sentar em uma cadeira ao fundo da sala do santuário. A postura de
pernas cruzadas ou de lótus é uma postura que expressa e produz a atitude de
contemplação, respeito e receptividade para com a verdade e significado dos
ensinamentos. Não se sente com as pernas estendidas à sua frente e não se
deite, pois estes são sinais de desrespeito e indelicadeza. Sentar de pernas
cruzadas ou mesmo em uma cadeira pode vir a ser desconfortável após uma longa
sessão de ensinamentos, portanto, é permitido fazer-se leves ajustes posturais.
Quanto mais senta-se de pernas cruzadas, mais acostuma-se com essa postura.
Sentar-se de pernas cruzadas faz parte da prática espiritual. A capacidade de
sentar-se por várias horas é uma coisa importante para praticantes espirituais
atingirem a maestria.
3. Deve-se tirar os
calçados e deixá-los na porta antes de entrar em um monastério ou santuário.
Chapéus não devem ser usados. Saias curtas e trajes reveladores (roupas justas
e decotadas) não são indicados. Ao usar uma saia chanel de cumprimento ¾,
quando sentada, deve-se colocar um xale para cobrir as pernas. Sob quaisquer
circunstâncias, não se deve distrair celibatários, isto é, os monges e monjas,
de suas práticas no monastério ou santuário. A conversação deve ser mínima em
um santuário, pois a maioria das pessoas que ali estão, praticam meditação
silenciosa ou contemplações.
4. Não coloque
livros do Dharma e textos de orações no chão. Na medida que eles contém a
verdade universal, devem ser postos sobre uma mesa ou almofada como uma forma
de respeito. Não deve-se caminhar, pisar ou sentar sobre eles. Ambos os
Dharmas, coloquial e literário, devem ser tratados respeitosamente. Portanto, a
menos que se esteja servindo chá ao Guru, à sua comitiva ou ao público, ou
esteja-se encontrando algum desconforto físico, não deveria-se caminhar para
fora e para dentro quando em ensinamentos e orações, pois isso poderia distrair
os outros e seria também uma demonstração de desrespeito para com o Guru que
estiver ensinando. Pode-se sair livremente durante a sessão de perguntas e
respostas (P&R), uma vez que este é o momento que a transmissão formal do
Guru foi concluída.
5. Ao entrar em um
santuário, o praticante pode prostrar-se três vezes em direção ao altar ou
curvar-se levemente com as palmas juntas na altura do coração. A prostração
significa, na verdade, a rendição de nosso próprio ego e apego para o benefício
de todos os seres. É uma renovação dos Votos de Bodhisattva que requerem a
oferenda de si mesmo para o bem-estar dos outros e para a geração da atitude
iluminada.
Este foi um conselho informal
dado por S.Ema. Gyalwa Dokhampa Jigme Pema Nyinjadh aos seus alunos com
respeito ao desenvolvimento da humildade e devoção através do adotar a etiqueta
e disciplina física corretas.
Fonte: http://www.drukpabrasil.org
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