Tunísia oficializa Islã como religião do país, mas rejeita usar Alcorão como fonte de lei
Os deputados da Assembleia
Constituinte da Tunísia aprovaram neste sábado (04/01) o primeiro artigo da nova
Constituição, que estabelece o islã como religião oficial do país, mas
rejeitaram emendas nas quais se propunha que o Alcorão seja a
"principal" fonte de direito.
"A Tunísia é um Estado
livre, independente e soberano. O islã é sua religião, o árabe é sua língua e a
República é seu regime. Não é possível modificar este artigo", diz o
texto, fruto de um compromisso entre os islamitas no poder e a oposição laica.
O partido no governo, o Ennahda,
rejeitou em 2012 a instauração da sharia (lei islâmica) na Constituição. Por outro lado, os deputados
rejeitaram duas propostas de emendas, a primeira que propunha que o islã, e a
segunda que o Alcorão e a suna (as palavras do profeta) fossem "a fonte
principal da lei".
"Adotar o islã como fonte
principal da lei outorgará um apoio espiritual a todos os direitos e
liberdades", disse um defensor da lei islâmica, Mohamed Hamdi, do pequeno
partido "Corrente de amor". "Hoje, vivemos no sistema de
lei temporário e estas emendas vão contra a modernidade", destacou Mahmud
Barudi, um deputado laico da Aliança Democrática.
O presidente da Assembleia
Nacional Constituinte (ANC), Mustafá Ben Jaafar, suspendeu logo a sessão,
depois que o deputado Mongi Rahui, da coalizão de esquerda Frente Popular, se
levantou, exigindo a gritos que fosse dada a palavra a ele.
O processo de adoção da nova
Constituição deve terminar antes do próximo dia 14 de janeiro, terceiro
aniversário da revolução no país que deu origem à Primavera Árabe.
Se for cumprido o calendário
previsto, a Tunísia pode, enfim, sair da crise que paralisa a vida política
desde o assassinato, atribuído a jihadistas, do deputado opositor Mohamed
Brahmi, no dia 25 de julho.
Fonte: http://noticias.r7.com
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