'A Morte e seus Mistérios', ao amigo Almiro - Por Ivo Benitez
Ao amigo Almiro.
Um sentimento de profundo pesar
me abateu esta manhã, ao receber a noticia do falecimento do amigo Dr. Almiro,
e procurei evitar pensamentos tristes, mas é incrível como o coração da gente
se aperta num momento desses. Ao ouvir a notícia e a confirmação nos meios de
comunicação modernos, não cabiam mais dúvidas, o amigo havia partido e,
imaginando as manifestações de inúmeros amigos, pus-me a pensar no fenômeno
morte.
Sentimentos diversos nos invadem
nessas ocasiões, mas o que mais toca, sempre, é a sensação forte da perda
irreparável.
Eu era garoto quando o conheci,
chegando em Fátima do Sul recém formado em medicina. Na época eu estava
envolvido em tentativas de traduzir os muitos medicamentos que eram doados pelo
povo dos EUA, e que por estarem em inglês pouca utilidade estavam tendo nesse
rincão de Mato Grosso do Sul.
Com a chegada desse grande
médico, as coisas mudaram e o atendimento foi facilitado a todos os
necessitados, pois bem sabemos que nunca negou atenção a quem quer que fosse,
rapidamente devolvendo a saúde aos que lhe procuravam, sem distinção. Desde
essa época convivi com o Dr. Almiro, até mesmo acompanhando-o nos primeiros
momentos em que enfrentou a direção de jipes quase sem freios para poder chegar
às residências mais distantes, com direito a toda poeira ou atoleiros que tanto
preocupavam os que se arriscavam pela zona rural.
Muitas doutrinas, filosofias e
religiões procuram esclarecer a morte. Os ocidentais geralmente a encaram com
desespero, choro e muita tristeza. No oriente cujas civilizações são tidas como
mais antigas, há regiões em que a morte é encarada com alegrias e grandes
festas em homenagem ao falecido. Explicam que o mundo terreno é cheio de
pecados, é um mundo onde não se atinge a perfeição, e a morte seria o único
caminho para o homem conseguir transformar-se em ser perfeito e feliz. Assim, a
cada vez que uma pessoa morre, celebram com júbilo a sua passagem ao mundo
perfeito.
Voltando ao nosso ocidente, o
espiritismo procura explicar a necessidade de desencarnar como uma etapa de evolução
do espírito. Já as religiões com bases cristãs não admitem a reencarnação,
reconhecendo, porém, que a morte é a passagem para a vida eterna, sendo o céu o
prêmio aos que foram bons na vida terrena. Daí a questão: se todo mundo quer o
céu, porque o medo da morte?
Procurei escrever estas palavras
quando senti que a tristeza se abateu sobre todos que o conhecia, aquele
sentimento de frustração, de impotência, e a vontade de não querer acreditar.
Partindo da premissa de que o
médico Dr. Almiro foi convocado às pressas para reforçar o Pronto Socorro do
Céu, pergunto: porque a nossa tristeza é tão grande? Será que não confiamos na
nossa religião?
Muitos teólogos já escreveram
tratados e tratados sobre o tema, mas nenhum conseguiu explicar ou tirar de
nossa garganta aquela engasgada diante da notícia do passamento de alguém tão
querido. Isso é contra a religião? Não. É apenas a demonstração de que somos
humanos, e que esse alguém que se foi vai nos fazer falta, muita falta.
Almiro, você nos deixa, mas
permanecerá em nós a lembrança de um companheiro alegre, que também nos queria
ver alegres. Vamos chorar hoje, mas sempre nos lembraremos de você, que sempre
tinha um sorriso para atender a todos, e a todos encorajava nos momentos mais
difíceis.
Podemos dizer, não tenha medo do
seu futuro, pois o seu passado entre nós é prova de que foi um bom filho, um
bom pai, um bom médico. Mesmo que doa a sua ausência, ainda assim você será
sempre uma boa lembrança, e nos restará a certeza de que, sendo médico lá no
céu, companheiro como sempre foi, certamente de lá ainda estará a olhar por
nós.
Fonte: http://www.fatimanews.com.br
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