Presidente birmanês propõe lei sobre casamento interreligioso
Proposta é vaga, mas parece
introduzir restrições a esse tipo de união. Lei pretende proteger budista que se case com pessoa de outra religião.
O presidente birmanês pediu ao
parlamento que examine um projeto de lei sobre os casamentos interreligiosos,
apoiado por um monge budista extremista. Esta iniciativa presidencial acontece
depois que o país se viu agitado nos últimos anos por ondas de violência contra
os muçulmanos, acompanhadas por discursos nacionalistas de monges budistas.
Thein Sein, que desde 2011 dirige
um novo regime quase civil após meio século de junta militar, apresentou esta
proposta aos deputados em uma carta consultada pela AFP, depois de receber uma
petição lançada pelos monges no ano passado.
Sua carta, vagamente formulada,
parece exigir uma forma de restrição aos casamentos entre pessoas de diferentes
religiões.
A proposta inclui uma lei que
oferece aos budistas "proteção e direitos quando se casam" com alguém
de outra religião, bem como a proibição da poligamia e uma legislação para
"equilibrar o crescimento da população".
O monge Wirathu, que tem
incentivado a adoção do projeto de lei sobre os casamentos interreligiosos,
expressou sua alegria com a intervenção do presidente. "Temos tentado
continuamente ter uma lei de proteção nacional. Isto começa a se tornar
realidade com a mensagem do presidente", disse à AFP.
No ano passado, o monge anunciou
que era a favor de que homens não-budistas dispostos a se casar com uma budista
se convertessem previamente e obtivessem autorização dos pais da noiva, sob
pena de ser condenado a dez anos de prisão.
Por sua vez, a líder da oposição
Aung San Suu Kyi denunciou o projeto, dizendo que era "uma violação dos
direitos das mulheres e direitos humanos".
Mianmar, que introduziu muitas
reformas desde a dissolução da junta militar, há três anos, também é criticado
por defensores dos direitos humanos por adotar uma política controversa que
impõe um limite de dois filhos por mulher em determinadas áreas do estado de
Rajin, no oeste, onde a maioria dos habitantes pertencem à minoria muçulmana
apátrida Rohingya.
Fonte: http://g1.globo.com
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