Índia do lado de cá: Comunidade mantém tradições - Por Daniela Mesquita, Isadora Faustino e Ricardo Lima
Os indianos residentes em
Portugal conseguem manter vivas as crenças religiosas. O hinduísmo e o sikhismo
são as mais representadas. Todos os anos, a comunidade celebra o Diwali, um
festival que, em 2013, marcou a viragem para o ano 2070.
A Associação Cultural Hindu, na
Rua da Boa Viagem, no Porto, é um espaço dedicado ao hinduísmo e à comunidade
indiana. Paresh Thakrar, presidente da instituição, diz que já contaram com
cerca de "mil membros".
Diminuíram nos últimos cinco anos, já que a
crise levou ao aumento da emigração. Atualmente, apenas 20% dos que frequentam
a associação, em Portugal desde 1974, vieram diretamente da Índia, os restantes
são oriundos de Moçambique.
O apoio e a integração não são
apenas, no entanto, destinados aos hindus. Apesar da base religiosa, Paresh
garante que todos são bem-vindos na comunidade. No salão da Rua da Boa Viagem,
existe espaço para "toda a parte desportiva, destinada aos jovens" e
são ensinadas danças tradicionais ou o gujarati, um dos idiomas oficiais da
Índia.
Sikhismo em Portugal
O Sikhismo é uma das regiões com
maior representatividade na Índia. Fundada na região do Punjab, partilhada com
o Paquistão, conta com cerca de 20 mil seguidores em todo o mundo. Em Portugal,
a comunidade tem mais de cinco mil membros e estão quase todos concentrados na
zona de Lisboa.
No Porto, o pequeno santuário que a comunidade tinha na Rua das Doze Casas fechou há cerca de meio ano. Alguns sikhs mudaram-se para a capital, onde todos os domingos se reúnem na gurdwara, espaço de culto da comunidade.
Diwali, o natal indiano
Entre as diferentes cerimónias
típicas da cultura hindu, destaca-se o Diwali (também celebrado pelas religiões
sikhismo e jainismo, ainda que com algumas diferenças). Conhecida como a Festa
das Luzes, a celebração prolonga-se por cinco dias.
Benita é uma das muitas jovens no
espaço da Associação a festejar o Diwali. Nasceu em Portugal, mas é descendente
de indianos. Está vestida a rigor com um traje indiano, provavelmente novo,
como pede a tradição. A cerimónia, explica, "é como se fosse a vitória do
bem sobre o mal. Fazemos as nossas rezas e tradições, mas o mais importante é
juntar a família, conviver, fazer jantares".
Enquanto os homens tiraram os
melhores fatos do armário, as mulheres usam as roupas típicas, que normalmente
não usam no dia a dia. Quem o diz é Neha Shreya, estudante de intercâmbio na
Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que admite ter deixado as
calças de ganga de lado especialmente para a celebração.
A jovem diz que
celebrar o Diwali com a Associação é uma forma de se "sentir em casa, com
alguns dos costumes e os elementos divinos". Fica só a faltar o fogo de
artifício, também parte da tradição.
Associado à importância do
negócio, está o ritual que dá início à noite, o Puja, no qual apenas os homens
participam. Sentados numa mesa em forma de U decorada com símbolos hindus,
aqueles que têm negócios fecham contratos e esperam que estes sejam abençoados
pela deusa Lashmi.
"A maior parte dos indianos estão ligados ao
negócio, desde a restauração à construção e ao comércio geral. Pedimos benção
para que o negócio corra bem durante o ano", explica.
A seguir ao ritual, há tempo para
orações cantadas, um jantar com apuradas iguarias típicas da Índia e um desfile
no qual as crianças da comunidade participam, disfarçando-se de deuses hindus.
Paresh conta que esta é uma forma de manter a cultura indiana também entre os
mais novos, já nascidos em território português.
Depois das primeiras tradições,
há mais quatro dias de festa. O Diwali, o primeiro, equivale ao Natal e é o
mais importante. A esta, seguem-se mais duas celebrações principais: o ano
novo, com a passagem para o ano de 2070, e o Bhau-beej "uma festa de união
entre irmãos e irmãs, para que se apoiem uns aos outros."
Fonte: http://jpn.c2com.up.pt
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