Clérigo muçulmano presenteia a Comunidade Internacional Bahá'í com iluminura de texto sagrado
Numa atitude sem
precedentes, o aitolá Abdol-Hamid Masoumi-Tehrani, clérigo muçulmano de
destaque no Irã, presenteou os bahá'ís com uma obra de caligrafia composta a
partir dos escritos de Bahá'úlláh, o Profeta-fundador da Fé Bahá'í.
Essa ação é
um marco na luta pelo fim da discriminação religiosa pelo mundo e põe em
prática as declarações recentes de estudiosos muçulmanos que propõem
interpretações alternativas dos ensinamentos islâmicos, em que a tolerância
religiosa é confirmada pelo Alcorão.
O presente foi entregue no dia 7
de abril à Casa Universal de Justiça, órgão máximo da Fé Bahá'í localizado em
Haifa, Israel, e representa a esperança do aiatolá Tehrani de uma coexistência
pacífica e livre de todos os tipos de segregação. O presente é para todos os
bahá'ís, mas especialmente para os bahá'ís do Irã, que, segundo ele, "vêm
sofrendo de diversas maneiras, como resultado do cego preconceito
religioso".
Em seu site, o aiatolá
afirma que preparou a iluminura como uma ação simbólica para nos lembrar
da importância da valorização do ser humano e da convivência pacífica. Além
disso, ele acredita que, independente da religião, as pessoas devem viver em
cooperação e evitar o ódio, a inimizade e o preconceito religioso. A obra é
"uma expressão de simpatia e cuidado de minha parte e em nome de todos os
meus concidadãos de mente aberta", afirma o aiatolá.
Bahá'ís de todo o mundo comemoram
a atitude do aiatolá. Bani Dugal, representante da Comunidade Bahá'í nas Nações
Unidas, afirma que "esta é uma atitude muito bem-vinda e promissora, com
possíveis implicações para a coexistência dos povos do mundo. A Comunidade
Internacional Bahá'í está profundamente tocada por este ato elevado e pelos
sentimentos de tolerância religiosa e respeito pela dignidade humana que nele
culminaram", afirma o aiatolá.
Em ocasiões anteriores, o aiatolá
Tehrani demonstrou grande coragem ao expressar publicamente sua preocupação com
a contínua perseguição às minorias religiosas (incluindo os bahá'ís) no Irã.
Desde a Revolução Islâmica, em 1979, centenas de bahá'ís foram mortos e
milhares presos.
Atualmente, 115 bahá'ís se encontram presos exclusivamente com
base em suas crenças religiosas. Os bahá'ís no Irã não têm acesso ao ensino
superior, são impedidos de ganhar a vida e de enterrar seus mortos de acordo
com seus próprios rituais de sepultamento, tudo por causa da
religião.
O trecho que o aiatolá Tehrani
escolheu para citar na iluminura foi tomado do Kitab-i-Aqdas, Livro
Sacratíssimo de Bahá'ú'lláh. "Convivei com todas as religiões em amizade e
concórdia para que se inale de vós a doce fragrância de Deus. Vigiai para que a
chama da tola ignorância não vos domine quando entre os homens. Tudo procede de
Deus e a Ele retorna. Ele é a origem de tudo e n'Ele todas as coisas
findam".
O presente mede cerca de 60 x 70
cm e é uma obra de arte complexa, produzida meticulosamente à mão. Além dos
escritos, ela possui o símbolo bahá'í do "Máximo Nome", uma
representação caligráfica da relação conceitual entre Deus, Seus profetas e o
mundo da criação. Outras obras de arte do aiatolá Tehrani incluem iluminuras do
Alcorão, da Torá, dos Salmos, do Novo Testamento e do Livro de Esdras.
As peças
de caligrafia sempre foram muito valorizadas no mundo oriental (principalmente
na antiga Pérsia) como elemento de destaque na cultura local, inclusive no
Alcorão. Dessa forma, a atitude do aitolá Tehrani tornou-se um presente de
inestimável valor não só para a Comunidade Bahá'í, mas para um mundo que busca
eliminar todas as formas de preconceito.
Fonte: http://port.pravda.ru
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