Após declaração de juiz federal, ato no Rio apoia religiões africanas
A Comissão de Combate à
Intolerância Religiosa e a Associação Nacional de Mídia Afro fizeram na
quarta-feira (21), às 17h, um ato em solidariedade às religiões de matriz
africana, na ABI (Associação Brasileira de Imprensa), centro do Rio de Janeiro.
O ato questionou as declarações do juiz federal titular da 17ª Vara Federal no
Rio de Janeiro Eugênio Rosa de Araujo. O magistrado chegou a declarar na semana
passada que as práticas da umbanda e do candomblé não eram religiosas, mas se
retratou na terça (20).
Ele reviu a sentença em que
indeferiu liminar do Ministério Público Federal (MPF) que pedia a retirada de
vídeos do Google, postados pela Igreja Universal contra cultos
afro-brasileiros.
O juiz reconheceu que manifestações afro-brasileiras são
religiosas, mas manteve a decisão de não retirar os vídeos da internet,
fundamentando-se na liberdade de expressão e de reunião. Ele afirmou que,
embora sejam de “mau gosto”, os vídeos refletem o exercício regular da
liberdade.
“O forte apoio dado pela mídia e
pela sociedade civil demonstra, por si só, e de forma inquestionável, a crença
no culto de tais religiões, daí porque faço a devida adequação argumentativa
para registrar a percepção deste juízo de se tratarem os cultos
afro-brasileiros de religiões, eis que suas liturgias, deidade e texto base são
elementos que podem se cristalizar, de forma nem sempre homogênea”, declarou o
magistrado.
O MPF recorreu ao Tribunal
Regional Federal (TRF) da 2ª Região contra a decisão de primeiro grau, mas o
tribunal ainda não se pronunciou. O mérito da ação ainda vai ser julgado pela
própria 17ª VFRJ, que ordenou a citação do Google Brasil Internet para se
defender.
Para o presidente da Comissão de
Combate à Intolerância Religiosa, Ivanir dos Santos, o juiz não mudou de
opinião, apenas de argumento para evitar responder por preconceito no Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).
“Ele não formou uma nova convicção, senão teria
pedido a retirada dos vídeos, que são ofensivos”, disse. “Então queremos ser
tratados com dignidade, pois uma coisa é liberdade de expressão, outra coisa é
perseguição”, concluiu.
Fonte: http://www.atribunamt.com.br
Comentários