Patriarca ortodoxo convida a trocar o medo pelo amor - Por Filipe d’Avillez

Bartolomeu invocou o Santo Sepulcro como local onde o medo deixa de fazer sentido e de onde emana uma nova lógica, do amor fraterno, que deve ser abraçado pelos cristãos. 

O Patriarca de Constantinopla apelou ao fim do medo e da desconfiança entre cristãos de diferentes confissões. 

Falando na presença do Papa Francisco, este domingo à tarde, durante uma cerimónia ecuménica convocada precisamente para assinalar os 50 anos desde o histórico encontro entre o seu antecessor, Atenágoras, e o Papa Paulo VI, Bartolomeu disse que o Santo Sepulcro é um lugar que obriga a abandonar o medo. 


“Este Túmulo esparge mensagens de coragem, esperança e vida. O futuro pertence à justiça, ao amor e à vida. Portanto, deveis trabalhar para este fim, com todos os recursos que tendes de amor, fé e paciência”. 

“Por último, este Túmulo sagrado convida-nos a lançar fora outro medo que é talvez o mais difuso na nossa era moderna, a saber, medo do outro, medo do que é diferente, medo do seguidor de outra fé, de outra religião, ou de outra confissão. O racismo e todas as outras formas de discriminação estão ainda espalhados em muitas das nossas sociedades contemporâneas; o pior é que, frequentemente, permeiam também a vida religiosa das pessoas. O fanatismo religioso já ameaça a paz em muitas regiões do globo, onde o próprio dom da vida é sacrificado no altar do ódio religioso.” 

“Em face de tais condições, a mensagem do Túmulo vivificante é urgente e clara: ama o outro, o que é diferente dos demais, os seguidores de outras religiões e de outras confissões. Ama-os como teus irmãos e irmãs. O ódio leva à morte, enquanto o amor ‘lança fora o medo’ e leva à vida.” 

Foi isto, explica Bartolomeu, que aconteceu há 50 anos quando Paulo VI e Atenágoras deram o famoso abraço que abriu portas ao diálogo ecuménico. 

“Lançaram fora o medo. Lançaram para longe deles mesmos o medo que prevalecera por um milénio, um medo que mantivera as duas antigas Igrejas, do Ocidente e do Oriente, distantes uma da outra, colocando-se às vezes até mesmo uma contra a outra. Em vez disso, encontrando-se eles diante deste espaço sagrado, trocaram o medo pelo amor.” 

Um exemplo a seguir nos dias de hoje, considera o Patriarca: “Este é o caminho que todos os cristãos são chamados a seguir nas suas relações mútuas, qualquer que seja a Igreja ou Confissão a que pertençam, oferecendo assim um exemplo ao resto do mundo. O caminho pode ser longo e árduo; com efeito, para alguns, pode às vezes parecer uma estrada sem saída. Contudo é o único caminho que leva ao cumprimento da vontade do Senhor: ‘que todos sejam um só’”.

Com este encontro, que marca o ponto mais alto do dia e mesmo da viagem do Papa à Terra Santa, terminam as actividades de Francisco neste domingo. Amanhã é o último dia em Israel, havendo viagem marcada para Roma ao fim da tarde.



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