Sudão proíbe construção de novas igrejas
O Conselho de Igrejas do Sudão
criticou as autoridades do país pela proibição à construção de novas igrejas. No
fim de semana, um ministro do governo sudanês disse que os cristãos já tinham
igrejas o bastante.
O secretário-geral do Conselho
disse à BBC que o anúncio veio depois que uma igreja foi demolida, perto da
capital, Cartum, neste mês por urbanistas da cidade. O Sudão é um país de maioria
muçulmana, mas oficialmente permite a liberdade religiosa. Após a separação do
Sudão do Sul, em julho de 2011, muitos dos habitantes cristãos do Sudão se
mudaram para o sul.
Shalil Abdullah, ministro de
Orientação e Doações, havia dito sábado que as igrejas que sobraram já eram
suficientes para os cristãos que permaneceram no Sudão. Rev Kori El Ramli, o
secretário-geral do Conselho de Igrejas do Sudão, disse ter ficado surpreso com
a medida, uma vez que líderes da Igreja sempre tiveram um bom relacionamento
com as autoridades. "Estamos crescendo,
precisamos de mais igrejas", disse ao programa de rádio da BBC Focus on
Africa.
'Postura ameaçadora'
Ramli opinou que os urbanistas
estão forçando os cristãos a saírem de uma área de favela da cidade de Omdurman,
a igreja que foi demolida ficava nesse bairro. A decisão significaria que a área
para onde as pessoas estão sendo realocadas, no norte da cidade, não teria
igrejas, disse.
"Queremos que o governo nos
dê novos espaços para que possamos construir uma nova igreja", disse o
clérigo. "Somos cidadãos e a Constituição diz que há liberdade de religião
e de culto. Estamos usando isso para conseguir os nossos direitos." As autoridades recentemente
parecem estar assumindo uma posição mais ameaçadora em relação aos cristãos,
acrescentou.
Uma oficina realizada pelo
Conselho na Universidade do Sudão na segunda-feira foi interrompida por agentes
de inteligência que os acusaram de evangelizar, disse. Houve comoção internacional em
maio, quando a Justiça do Sudão condenou à morte por enforcamento uma mulher
muçulmana acusada de apostasia, abandono da religião, depois que ela se
afastou do islã para se casar com um cristão.
As autoridades consideraram que a
sudanesa era muçulmana, porque seu pai era muçulmano. Mas ela fora criada como
cristã ortodoxa, a religião da mãe, pois teria tido um pai ausente durante a
infância. Em junho, a sudanesa condenada à
morte foi libertada e a sentença de morte foi anulada.
Fonte: http://www.bbc.co.uk
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