Arrivismo e divergências – Por Elzi Nascimento
A Doutrina Espírita em sua
tríplice expressão: ciência, filosofia e religião desafia seus adeptos a uma
constante melhoria interior e faz de seus postulados indicação segura para
essa transformação. Aliás, a finalidade essencial do Espiritismo são as
consequências morais.
Engana-se aquele que pensa que o
fenômeno mediúnico seja o objetivo principal desta fonte de amor e luz,
codificada por Allan Kardec, no século XIX.
Quem, como nós, privou da
convivência e bebeu na fonte pura das orientações espirituais fiéis e seguras
do querido e saudoso professor Múcio de Melo Àlvares, aprendeu a diferenciar a
propriedade da fenomenologia espírita da importância de seus postulados
consoladores.
Dizia o insigne amigo, baseado em
máxima do Espírito André Luiz ( o autor do Best-seller Nosso Lar
/psicografado por Chico Xavier, que deu origem ao filme do mesmo nome):
“O
fenômeno é a alma da doutrina, mas a Doutrina é a alma do fenômeno”. O que
mostra, de forma irrefutável, que embora a Codificação do Espiritismo tenha se
baseado na comunicação com a outra dimensão da vida, que gerou seu corpo
científico, filosófico e doutrinário, o cerne desta compilação repousa no
estudo sério, na lógica da análise sem preconceitos e na religiosidade que
transforma a criatura para o bem, o amor e a caridade. A caridade é
realmente o “milagre transformador do Espiritismo”.
Caridade é, segundo Allan Kardec,
a máxima dominante dos postulados Espíritas. E é ele mesmo quem afirma, em
discurso proferido à Sociedade Espírita de Lion, em 1862:
“O Espiritismo tem
por divisa: Fora da caridade não há salvação, o que significa dizer: Fora da
caridade não há verdadeiros espíritas. Concito-vos a inscrever, doravante, esta
dupla máxima em vossa bandeira, porque ela resume ao mesmo tempo a finalidade
do Espiritismo e o dever que ele impõe.”
E esta caridade não é só o auxílio da
esmola e nem da assistência social, é a benevolência vivenciada em pensamentos
e atos; é a antítese do egoísmo, a sublimação da "personalidade”, na sábia
orientação do mestre de Lion. Convicto da necessidade da
modificação do homem para as renovações espirituais, que se anunciam para o
Planeta, foi enfático:
“Tais são, caros irmãos espíritas, os conselhos que
tenho a vos dar. A confiança que houvestes por bem me conceder é uma garantia
de que eles produzirão bons frutos. Os bons Espíritos que vos assistem vos
dizem todos os dias, as mesmas coisas, mas julguei um dever apresentá-las em
conjunto, para melhor ressaltar as suas consequências. Venho, pois, em nome
deles, lembrar-vos a prática da grande lei de amor e de fraternidade que em
breve deverá reger o mundo e nele fazer reinarem a paz e a concórdia, sob o
estandarte da caridade para com todos, sem acepção de seitas, de castas
nem de cores.”
Todas as religiões são
importantes e todas têm o seu papel na condução da humanidade. Resta-nos
despertar para isto, pois como afirmava Léon Denis, também no século XIX:
“Toda
religião é boa desde que faça o homem bom”. Portanto, não se concebe e muito
menos se entende, no universo Espírita, movimentações estranhas que buscam
induções ao arrivismo e divergências.
(Elzi Nascimento, psicóloga
clínica e escritora / Elzita Melo Quinta, pedagoga – especialista em Educação e
escritora. São responsáveis pelo Blog Espírita: luzesdoconsolador.com. Elas
escrevem no DM aos domingos - E-mail: iopta@iopta.com.br)
Fonte: http://www.dm.com.br
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