A grande coligação – Por José Luís Ramos Pinheiro
Precisamos de uma grande
coligação internacional, mais vasta e profunda, que não se reduza à valência
militar.
Uma coligação cultural assente em valores; valores comuns que todas as
regiões e todas as religiões possam partilhar, propor, defender e viver.
A gravação da decapitação de
jornalistas, e respectiva difusão na internet, nada tem que ver com religião, islâmica ou outra. Não se trata de uma qualquer ideologia, nem de convicções
profundas.
Trata-se de ganhar poder, de
preferência absoluto, aproveitando a anemia da consciência europeia, as
contradições americanas e a coexistência de diferentes ameaças regionais que
não facilitam uma resposta concentrada à ameaça do auto-intitulado Estado Islâmico.
Mas trata-se também de deitar mão
a negócios, envolvendo recursos vitais, como o petróleo; e ainda de uma
gigantesca instrumentalização, sobretudo de jovens, sacrificados numa espiral
de terror, manipulado e massificado na internet e nas redes sociais, procurando
semear o pânico global. Enfrentamos (de novo) a barbaridade, sofisticada
pelas tecnologias do momento.
A seguir à queda do muro de Berlim e à implosão da União Soviética houve quem vaticinasse o fim da História. Puro engano. Basta ver como algumas das ameaças de então já regressaram; e como o mundo evoluiu da guerra fria para outros patamares de terror, verdadeiros retrocessos civilizacionais.
A seguir à queda do muro de Berlim e à implosão da União Soviética houve quem vaticinasse o fim da História. Puro engano. Basta ver como algumas das ameaças de então já regressaram; e como o mundo evoluiu da guerra fria para outros patamares de terror, verdadeiros retrocessos civilizacionais.
O Estado Islâmico é uma ameaça?
Claro que sim. Mas não será a última e haverá outras. Como reagir? É o
mais difícil. Mas é importante reagir. Fala-se numa coligação militar. Talvez
seja necessária. Mas não chega.
Precisamos de uma grande
coligação internacional, mais vasta e profunda, que não se reduza à valência
militar. Uma coligação cultural assente em valores; valores comuns que todas as
regiões e todas as religiões possam partilhar, propor, defender e viver.
E nunca, nunca cair na armadilha
de uma guerra maniqueísta entre o ocidente e o oriente. Esse seria o melhor
serviço à causa fundamentalista; e o pior serviço a toda a humanidade.
Fonte: http://rr.sapo.pt
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