Obra resgata história do movimento que buscou aproximar a igreja do mundo operário – Por Natasha Pitts
Na quarta-feira, 03 de setembro,
durante aula magna no Centro de Extensão da Universidade Católica de Santiago,
Chile, o doutor em Teologia Yves Carrier lançou o livro:
"Teologia prática
da libertação no Chile de Salvador Allende”
A obra faz um estudo histórico-pastoral
e rememora a iniciativa inaugurada no Chile, no início dos anos 1970, que tinha
como foco voltar o olhar da Igreja para o mundo operário. O livro foi escrito,
originalmente, em francês e, agora, é lançado em espanhol.
A obra de Carrier analisa as
nuances do projeto pastoral experimental, seu início no Chile, a aplicação em
vários outros países e seu declínio.
O teólogo mostra como o Movimento Calama
se conecta com importantes acontecimentos, como o Concílio Vaticano II (1962 a
1965); a Teologia da Libertação (1967); com o primeiro livro de Gustavo
Gutiérrez; a Conferência de Medellín (1968); os movimentos rebeldes juvenis no
Chile; com o governo da Unidade Popular (Salvador Allende 1970 a 1973) e, por
fim, com o golpe militar (setembro de 1973).
A obra de Carrier estudou a
fundo, especialmente, o início do Movimento Calama, visto que os primeiros anos
foram essenciais para sua concretização.
A narração também rememora a
peregrinação da equipe do Movimento por países como Peru, Venezuela e República
Dominicana e estuda, particularmente, as mudanças na dinâmica do processo nos
países. Contudo, o livro deixa descoberto o fato que, após o golpe militar, o
Movimento Calama teve continuidade no Chile até o ano de 1993.
Esse vazio na história do Movimento
é parcialmente preenchido com o prefácio do professor de Moral e jesuíta José
Aldunate, um dos sacerdotes que deu continuidade à iniciativa pastoral após o
golpe de Estado.
Movimento Calama
O autor dessa iniciativa pastoral
foi o sacerdote holandês Juan Caminada. O religioso buscava enfrentar o
afastamento da Igreja do mundo operário, por isso, seguiu rumo ao Chile para
aplicar um projeto-experimento, o chamado "Movimento Calama”, que durou
até setembro de 1973, quando explodiu o golpe militar no país.
Com a implantação da ditadura,
Caminada e os demais estrangeiros foram expulsos do Chile, tendo restado apenas
Mariano Puga, Rafael Maroto, José Correa sj, José Aldunate sj e Santiago
Tauler, que se comprometeram a reconstruir o Movimento com a ajuda de religiosas,
leigos e casais que se identificavam com a proposta.
Os integrantes viviam em
condição de semiclandestinidade e, ao invés do Movimento Calama, assumiram a
sigla EMO, que significava Equipe Missão Obreira.
Era fundamental estar engajado no
trabalho operário. Assim, os integrantes se empregaram em áreas como a
construção civil e se uniram a instituições e movimentos sociais. A Equipe
Missão Obreira atuou até 1993, quando foi extinta.
Fonte: http://site.adital.com.br
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