Banco: como fazíamos sem... – Por Lívia Lombardo
Os sacerdotes da Antiguidade
tinham uma missão um tanto mais, digamos, mundana do que se dedicar ao culto de
deuses: guardar em seus templos a riqueza dos fiéis, como jóias, metais
preciosos e até cereais.
Os sacerdotes não cobravam nada por isso, mas podiam
emprestar esses bens a quem precisasse, aí, sim, em troca de algum pagamento.
O templo mais antigo de que se
tem notícia usado para este fim funcionava na Mesopotâmia (atual Iraque) e tem
mais de 5 mil anos. O hábito de guardar o ouro com os sacerdotes se expandiu
pelo mundo antigo, principalmente entre os egípcios e os babilônios e, mais
tarde, entre os gregos e romanos, a Igreja Católica chegou a criar, no começo
do século 17, o Banco do Espírito Santo, para facilitar o pagamento de dízimos
e indulgências.
Durante a Baixa Idade Média, a
atividade bancária foi aperfeiçoada nas cidades-estados da Itália, que tinham
intensa atividade comercial. Os responsáveis foram os ourives, artesãos que
trabalhavam com ouro, prata e metais preciosos. Eles já tinham em suas casas
guardas e cofres para impedir que suas matérias-primas fossem roubadas. Assim,
passaram a guardar o ouro da população, obviamente, ganhando uma taxa.
Como garantia, os depositantes
recebiam um documento no qual o ourives declarava o peso de ouro de cada um. E,
quando precisava de seu ouro, o sujeito emitia uma ordem de pagamento ao
ourives. Como falcatrua sempre existiu, começaram a falsificar as assinaturas
dos documentos de crédito. Para evitar o problema, o ourives passou a dar aos
depositantes tantos papéis quantas fossem as moedas que ele guardasse.
Quem recebia os papéis também
achava mais seguro usá-los para fazer pagamentos. Conforme a prática se
espalhou, os ourives ficaram com a guarda de todo o ouro da cidade.
Os mais
espertinhos passaram a emprestar esse ouro a juros, que chegavam a 200% ao ano.
O crescimento do negócio foi tamanho que os ourives não tinham mais tempo de
exercer seus ofícios, passando a se dedicar exclusivamente a essa atividade
financeira.
Em tempo: como eles exerciam sua nova profissão sentados nos bancos
de madeira dos mercados, passaram a ser chamados de banqueiros.
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