Marina Silva tem apoio de evangélicos; Dilma Rousseff tem apoio de evangélicos. Com quem estão os evangélicos? - Por Magali Cunha
Uma reunião que não constava na agenda da candidata à Presidência da República
Marina Silva (PSB) aconteceu em 26 de setembro: um encontro com lideranças
evangélicas.
Foi o primeiro evento de campanha com lideranças evangélicas desde
que assumiu a cabeça de chapa. Cerca de 200 pessoas aguardaram a candidata, que
chegou pouco mais de uma hora atrasada. O apóstolo César Augusto, da Igreja
Fonte da Vida, fez a abertura oficial.
"Não temos pretensão de ter candidato
evangélico, mas Marina Silva é evangélica, então eu, com muita alegria,
representando esses 2 milhões de membros que nós temos, estou aqui para
reafirmar que a Igreja Fonte da Vida é Marina Silva", disse César Augusto.
O apóstolo disse ainda que "a fonte de vida é Marina Silva" e
ressaltou seu papel como lutadora, vinda do Acre. Falou que Marina terá
capacidade de governar com o Congresso Nacional e depois fez uma breve oração.
A apóstola Valnice Milhomens, da
Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo e ligada à Rede Sustentabilidade,
projeto de partido de Marina, e conselheira da candidata, disse que o evento
não era para fazer críticas ou demandas, mas para apoiá-la.
Segundo o coordenador
de mobilização da campanha, que também é evangélico, Pedro Ivo, o encontro não
foi divulgado pois foi marcado em cima da hora.
"Alguns líderes convocaram
essa reunião de ontem para hoje", afirmou. Estiveram presentes
representantes de igrejas evangélicas de diversas orientações, de históricos a
neopentecostais. Lideranças presentes consultadas pela reportagem de O Estado
de São Paulo disseram que não pedir votos em suas igrejas, mas orientarem os
fiéis a escolherem candidatos que defendam valores cristãos, como ética e
família.
O pastor Lelis Washinton
Marinhos, da comissão política da Congregação Geral das Assembleias de Deus no
Brasil (CGADB), igreja da qual Marina é membro, também participou do evento.
A CGADB pode optar por um apoio formal a alguma candidatura, em 2010, apoiou
José Serra, do PSDB.
Desde que Marina assumiu a
candidatura, a CGADB tenta uma aproximação com a candidata, já inclinada a
apoiá-la. Marinhos declarou ao Broadcast Político:
"A partir desse
encontro abre-se uma porta importante" e informou que deve haver uma
reunião com o comitê político nos próximos dias para definir se a congregação
pode formalizar um apoio antes do primeiro turno ou se esperará o resultado das
urnas em 5 de outubro.
"Nos mobilizamos não apenas
para dar apoio e suporte a uma candidatura que nos representa, que carrega
consigo muito do ideário cristão, mas também nos aproximamos para atestar nosso
compromisso em defesa àquilo que é maior do que qualquer projeto político, a
saber, o Evangelho do nosso senhor Jesus Cristo e a sua Igreja", disse Ed
René Kivitz, da Igreja Batista da Água Branca.
Kivitz defendeu a identidade
evangélica, para ele hoje quase um "xingamento". "Não aceitamos
a ideia de que ser evangélico é ser ignorante, moralista, intransigente,
homofóbico, sectário e intolerante."
Ele disse que Marina não é discípula
de Maquiavel, para quem os fins justificam os meios, mas que vota nela por suas
propostas.
"Votamos em Marina não porque é nossa irmã de fé, mas porque a
julgamos preparada para o cargo que postula. Votamos em Marina não porque irmão
vota em irmão, não estamos elegendo uma autoridade eclesiástica, estamos
elegendo a presidente da República", concluiu.
Renê Terra Nova, do Ministério
Internacional da Renovação (MIR) de Manaus, que discursou após Marina seguiu a
mesma linha. Ele disse que Marina é a resposta da "nova geração para
assumir o reino".
"Todos que estão aqui estão convictos de que
precisamos agir com a nossa fé de maneira muito inteligente e precisamos nos expor,
porque quem não se expõe não conquista", disse Terra Nova.
E também
apontou que o voto não é para uma pastora: "Nós não estamos elegendo uma
pastora para o púlpito, mas uma presidente para o Planalto, de uma forma
democrática, de uma forma inteligente".
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