"Matar é como jogar Playstation ou Xbox!" – Por Paulo Barradas

A natureza humana sempre foi difícil de entender. Mas em todos os momentos da história da Humanidade existiram líderes capazes de decifrá-la e influenciá-la. 

Dos quais se destacam os líderes políticos e religiosos pela superior capacidade de compreensão e manipulação das forças e sobretudo das fraquezas humanas.

Antigamente era moda ser de esquerda na juventude. Agora é moda ser rebelde e ser diferente. Exageros e exagerados sempre existiram e continuarão a existir, mas agora ser exagerado é ser radical e ser extremista. Quer seja no Ocidente, quer seja no autoproclamado Estado Islamico ("EI"). Actualmente em clara competição mediática.

Com os ocidentais a vencerem os terroristas do EI, por terem que provar ser ainda mais extremistas que o EI para serem aceites pelo novo grupo.
Faz parte da natureza humana viver em sociedade, partilhando a mesma cultura, história e regras. 

Dentro da mesma sociedade existem diferentes grupos de indivíduos com diferentes valores, objetivos e costumes. Neste cenário social, manda a natureza humana que um indivíduo pertença e esteja inserido no grupo de indivíduos com que se identifique mais.

Indivíduos inadaptados ou excluídos de um grupo ou de uma sociedade deverão procurar outro grupo ou sociedade para se sentirem realizados e atingirem o sentimento de pertença que cada vez é mais importante nas sociedades actuais. Mas por isso os rituais de aceitação, iniciação e integração são cada vez mais exigentes para garantir a coesão do grupo.
Nao é preciso ser Doutorado em Ciências Sociais, Ciências Políticas ou Ciências Religiosas para chegar até aqui...

O que é mais difícil perceber é como é possível jovens nascidos e criados no Ocidente em sociedades democráticas livres (incluindo liberdade religiosa!), com formação média ou superior, decidirem aos 18 ou 20 anos de idade que querem mudar tão radicalmente de vida, de sociedade e de religião, adoptando valores e costumes que nunca experimentaram antes. E mais que isso: quererem combater e aniquilar o Ocidente e o seu modo de vida.

O que sabemos nós da vida aos 18 anos? A maior parte de nós nem um curso superior consegue escolher com a certeza que é isso que quer fazer na vida profissional, quanto mais escolher mudar de religião e de vida! Quantos de nós casamos e constituimos família com a(o) namorada(o) de liceu ou de primeiros anos de universidade? Poucos!

Será porque somos inadaptados ou excluídos? Não! É porque é normal e faz parte da vida e da velha natureza humana.

Mas nesta altura da história da Humanidade, já ninguém duvida do poder dos líderes religiosos em manipular o seu rebanho e dos efeitos da velha lavagem cerebral com provas dadas nas seitas religiosas do Ocidente nos anos 80. E também já ninguém duvida que a forma mais rápida de evangelização religiosa é baseada na força, na violência, no terror e no medo. Como sempre foi no passado. Mas agora contam com o apoio tecnológico e digital para facilitar a tarefa.

As recentes execuções de ocidentais por decapitação são publicitadas na TV, no YouTube e nas redes sociais. É o terror digital que chocou o mundo com a morte de 2 jornalistas ocidentais, quando já foram assassinados pelo EI mais de 330 profissionais da comunicação locais, de acordo com a Rede Síria pelos Direitos Humanos.

Londres é reconhecidamente a cidade mais cosmopolita do Ocidente, reunindo povos e religiões de todo o mundo com total liberdade. A liberdade é tanta que até tem servido os propósitos dos angariadores do EI em recrutar jovens ocidentais "fortemente" decididos em combater o Ocidente em nome do EI. Mas Londres não é a Síria. Nem o EI é o Islão. Nem a JIHAD é uma guerra santa.

Os jovens ocidentais recrutados para brincar aos terroristas exibem-se no Facebook e no Twitter com armas de guerra para mostrar a sua virilidade e o seu ar ameaçador. As suas noivas exibem a felicidade de serem tratadas como Princesas, como qualquer recém casada. E continuam a beber Pepsi e a comer Nutella ao pequeno almoço como jovens radicais que querem ser...


O Príncipe Harry do Reino Unido deve ter razão quando diz que matar é como jogar Playstation ou Xbox. Pela sua experiência no Afeganistão.




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