Papa pede união de todas as religiões contra a “escravatura moderna"
As "escassas" ou
"inexistentes" oportunidades de trabalho são uma das causas da
escravatura moderna, afirmou Francisco na primeira missa do ano.
O Papa Francisco pediu nesta
quinta-feira que os fiéis de todas as religiões lutem "contra as formas
modernas de escravatura", durante a homilia na missa que celebrou no
Vaticano, por ocasião da Jornada Mundial da Paz.
Fê-lo depois de no mês passado
ter apelado aos consumidores para que não comprem artigos de baixo preço que
possam ser produzidos em fábricas onde os trabalhadores podem ser forçados a
trabalhar ou sujeitos a outras formas de exploração.
"Todos estamos destinados a
ser livres, todos chamados a ser filhos, e cada um, de acordo com a sua
responsabilidade, a lutar contra as formas modernas de escravatura", disse
o pontífice argentino na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
No discurso
associado à celebração da 48.ª edição da Jornada Mundial da Paz, que este ano
tem por tema: "Já não somos escravos, mas sim irmãos e irmãs", o Papa
Bergoglio considerou que as "escassas" oportunidades de trabalho
contribuem para o aparecimento de formas de escravatura moderna.
Esta mensagem vem reforçar o
pedido que fez no passado dia 12 de Dezembro, quando disse que as empresas
devem oferecer aos funcionários "condições de trabalho dignas e salários
adequados" e classificou como forma de opressão moderna "a corrupção
de quem está disposto a fazer qualquer coisa para enriquecer".
Essa
mensagem foi enviada aos chefes de Estado e Governos, instituições
internacionais e paróquias católicas, diz a Reuters.
Na primeira missa do ano, o Papa
Francisco mencionou como causas da "escravidão moderna" a pobreza, o subdesenvolvimento
e a exclusão, combinadas com a falta de acesso à educação ou "com a
realidade caracterizada pelas escassas, para não dizer inexistentes,
oportunidades de trabalho".
O índice global da escravidão,
divulgado pela segunda vez em Novembro pela Fundação Walk Free, concluiu
que existiam em todo o mundo 36 milhões que viviam como escravos: vítimas de
tráfico humano e forçadas a trabalhar em bordéis, forçadas a trabalhar em
fábricas ou a cumprir trabalhos duros, vítimas de dívidas abusivas ou mesmo
nascidas em cativeiro. Os lucros do trabalho forçado estão estimados em 150
mil milhões de dólares anuais pela Organização Mundial do Trabalho.
O Papa afirmou ainda que a
corrupção "acontece no centro de um sistema econômico onde está o deus
dinheiro e não o homem, a pessoa". Apontando a prostituição e o tráfico de
órgãos como formas de escravidão moderna, o Papa estacou que o “direito de toda
a pessoa a não ser submetida à escravidão, nem à servidão” deve ser "reconhecido
como um direito internacional como norma irrevogável".
O Papa Bergoglio, que fez da
defesa dos direitos dos imigrantes uma das suas bandeiras, voltou a referir-se
a eles na missa de Ano Novo.
Referiu-se aos "muitos migrantes" que na
sua viagem "sofrem a fome, se veem privados da liberdade, despojados dos
seus bens ou de quem se abusa física e sexualmente".
Imigrantes que,
"depois de uma viagem duríssima e com medo e insegurança, são detidos em
condições às vezes inumanas" e se veem "obrigados à clandestinidade
por diferentes motivos sociais, políticos e económicos" ou, "com o objetivo
de viver dentro da lei, aceitam viver e trabalhar em condições
inadmissíveis".
Por último, referiu-se aos
"conflitos armados, à violência, ao crime e ao terrorismo" para dizer
que são "outras causas da escravatura".
Insistiu que muitas pessoas
são sequestradas para serem vendidas ou recrutadas como combatentes e
exploradas sexualmente, enquanto outras se veem forçadas a emigrar, deixando
tudo o que possuem.
Fonte: http://www.publico.pt
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