Indonésios estudam turismo religioso em Portugal
As autoridades da ilha das
Flores, na Indonésia, querem aprender com a experiência de Fátima na captação
de peregrinos de modo a potenciar o turismo religioso na principal ilha cristã
do maior país muçulmano do mundo.
Em declarações à Lusa, pouco
antes de embarcar para Portugal, onde irá participar num simpósio em Fátima
sobre turismo religioso, o regente de Flores Oriental Joseph Lagadoni Herin
espera colher ensinamentos para promover a Semana Santa de Larantuca, capital da
regência, junto de novos mercados.
O encontro em Fátima, "é
muito importante para nós, porque entendemos que a Semana Santa ainda não é
muito popular para atrair pessoas de todos os países" mas "penso que
poderemos atrair muitos turistas para virem a Larantuca", justificou o
regente.
Além do regente, participam no
III Workshop Internacional de Turismo Religioso, que se realiza a partir de
sexta-feira em Fátima, o bispo de Larantuca, Franciscus Kopong Kung. O workshop é promovido pela
Associação Empresarial Ourém/Fátima (ACISO) e junta 75 operadores de vários
países.
Joseph Lagadoni Herin quer
aproveitar o encontro para tentar promover Larantuca como um destino de
"viagens de peregrinações" entre "operadores turísticos de todo
o mundo".
A também conhecida como a
"Roma da Indonésia", a Larantuca atrai milhares de pessoas durante a
Semana Santa, mas as autoridades locais pretendem tornar a capital regional
numa cidade mariana, até pela forte veneração que existe entre a população.
Nesse sentido, as autoridades
colocaram no ano passado a primeira pedra do futuro santuário de Fátima. Na comitiva seguem também o
presidente do parlamento regional, Yoseph Sani Betan, e o responsável máximo da
cultura e do turismo nas Flores Oriental, Andreas Ratu Kedang, entre outros
empresários e responsáveis administrativos.
Na agenda está igualmente um encontro
com o autarca de Ourém para discutir pormenores do acordo de cooperação de
geminação de cidades assinado em 2011 entre Larantuca e Ourém. O acordo prevê a cooperação no
turismo religioso e na economia, a promoção de intercâmbios na área da
educação, com oferta de bolsas de estudo, e pesquisas conjuntas sobre a cultura
e a história que une as duas regiões.
O regente das Flores Oriental
tenciona ainda obter fundos para construir o futuro santuário de Fátima nos
próximos dois a três anos, atrair investimento na área da eletricidade e tentar
vender o atum da região de Larantuca em Portugal.
Durante a viagem de oito dias a
Portugal, a comitiva vai reunir-se com a Fundação Calouste Gulbenkian, que já
ofereceu "muita ajuda" a Larantuca, destacou João Carvalho,
funcionário do departamento de cultura da regência indonésia.
De acordo com o mesmo responsável,
está também agendada uma reunião com o Instituto Marquês de Valle Flôr, que
implementou um projeto da Cooperação Portuguesa de distribuição de água a
12.372 pessoas de aldeias remotas das Flores Oriental e que a regência local
deseja agora ver replicado noutras localidades da região.
A comitiva tenciona também
desenvolver contactos com a Universidade Nova de Lisboa, que foi a entidade
responsável por uma investigação sobre etnomusicologia em Larantuca em 2006, e
com um especialista em planeamento para desenvolver a cidade de modo
sustentável.
Os portugueses foram os primeiros
europeus a aventurarem-se na Indonésia e, além de aproveitarem para fazer
negócios, introduziram a religião católica naquele que é hoje o maior país
muçulmano do mundo.
Em Larantuca, existem 254.958
católicos, o que corresponde a cerca de 85 por cento da população da população.
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