O aspecto emblemático da eleição de Ereni Miranda, a nova presidente mundial da IPDA
A escolha de Ereni Miranda como a
segunda presidente mundial da Igreja Pentecostal Deus é Amor possui um forte
valor emblemático.
Apesar de não confirmado o
prognóstico inicial, da possibilidade da eleição do filho mais velho de David
Miranda, a escolha de Ereni Miranda como a segunda presidente mundial da
Igreja Pentecostal Deus é Amor possui um forte valor emblemático.
Primeiro,
porque é a primeira mulher a assumir a presidência de uma igreja pentecostal
brasileira, rompendo com uma tradição de 105 anos de predominância masculina.
Seja nas igrejas pentecostais, como nas neopentecostais, com exceção da Igreja
Apostólica Renascer em Cristo, que tem no casal Estevam e Sônia Hernandes seu
sustentáculo, a presença de homens na presidência de igrejas é um fato
histórico e contemporâneo indiscutível.
Segundo, que a predominância da família
Miranda na direção mundial da Deus é Amor continua intacta, mas com mudanças a
médio e longo prazo.
De conselheira mundial, Ereni
Miranda torna-se a primeira presidente da IPDA. A informação, divulgada por
meio de uma breve nota em uma página secundária da Igreja no Facebook, na tarde
do dia 27/02, deixa em aberto a forma pela a qual Ereni foi conduzida a
ocupar o cargo deixado vago com a morte de seu marido.
Até o fechamento desta
matéria, às 23h00, o portal da IPDA não havia divulgado qualquer informação
sobre o procedimento de escolha de Ereni Miranda. Sua filha, Débora Miranda,
confirma a escolha também com uma breve nota em sua página.
“Minha querida
mamãe Ereni Miranda, a nova presidente da nossa IPDA. Seja bem-vinda, mulher
guerreira, virtuosa e exemplo de coragem! O povo e a diretoria estão contigo e
a sua família está ao seu lado para lhe apoiar! […]”.
Diferente da nota
postada hoje, a declaração entre aspas foi publicada dia 26/02, às 22h. A eleição
ocorreu, portanto, dois dias após o enterro do Missionário David Martins
Miranda.
Como instituição com registro em
cartório, a IPDA é legalmente condicionada a realizar eleições para a
composição de sua diretoria. Emílio Zambom de Mendonça, em Igreja
Pentecostal “Deus é Amor”: origens, características e expansão, faz menção à
ata do dia 26 de julho de 1999, na qual há o registro da recondução de David
Miranda como presidente, seguido por seu vice-presidente.
Segundo Mendonça,
“[…] seu sistema de governo, até antes da atual lei, era de tipo
‘vertical-autoritário’, ‘episcopal’, apesar de que a eleição da diretoria se
dava com a indicação de uma chapa ‘oficial’ constando a nova diretoria por
indicação do Diretor Presidente, Missionário David Martins de Miranda. A
aprovação era por aclamação e, claro, quem concordava, ficava sentado e os que
discordassem se punham de pé. Durante os 11 anos em que nós participamos dessas
assembleias, jamais vimos um voto discordante […]” (p.52). O autoritarismo é
uma característica da Deus é Amor.
Em sua tese de pós-graduação em
Ciências da Religião, Mendonça elenca outro fato importante com relação ao
corpo de obreiros da Igreja Deus é Amor. Segundo ele, é vedado ao sexo feminino
a consagração ao pastorado.
“Não há diaconisas nem presbíteras e muito menos
pastoras” (O sistema de governo da IPDA, p. 54). Apesar de não consagrar
mulheres ao ministério pastoral, a IPDA “[…] reconhece, porém, a função de
‘evangelistas’ tanto para homens como para mulheres […]”.
Como explicar, porém,
a súbita e inesperada escolha de Ireni como presidente mundial da IPDA? De que
forma ocorreu tal escolha, e de que maneira os membros participaram do
processo?
A forma autoritária como as assembleias eram conduzidas
por David Miranda, e a ausência de manifestações contrárias à chapa única
são questões que merecem uma maior atenção.
Fonte: http://www.onortao.com.br
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