A religião e o clima – Por Francisco Sarsfield Cabral
São os pobres que mais sofrem com
as alterações climáticas. É, por isso, com toda a legitimidade que a Igreja
deve abordar este tipo de problemas.
Decorreu em Roma uma conferência
sobre a protecção do ambiente, sob o tema: “Proteger a terra, dignificar a
humanidade”, por iniciativa da Academia Científica do Vaticano. Desde há muito
que esta academia da Igreja Católica levanta questões éticas sobre as mudanças
climáticas.
Há 19 anos, por exemplo, alertou
para o perigo de mudanças abruptas de clima. Sabe-se, por outro lado, que o
Papa Francisco prepara uma encíclica sobre este assunto. Alguns
interrogam-se sobre a legitimidade da Igreja abordar este tipo de problemas.
Não os deveria deixar para os cientistas e os políticos, abstendo-se de os
comentar?
Igreja pode e deve falar, porque
estão em causa os mais pobres. São eles quem mais sofre com mudanças
climáticas, como as que estão já a acontecer. O presidente da Academia, o
bispo Marcelo Sorondo, acusou mesmo a indústria petrolífera de pôr em causa a
ciência nos EUA, ao colocar dúvidas sobre as mudanças de clima.
Não se trata de sacralizar a
natureza ou de qualquer visão panteísta do mundo. É um imperativo moral, de
solidariedade para com os pobres e as futuras gerações.
Fonte: http://rr.sapo.pt
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