Ban Ki-moon diz que combater a mudança climática é "questão moral"


O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, defendeu nesta terça-feira (28/04) no Vaticano que combater a mudança climática e seus efeitos é necessário para reduzir as desigualdades e que é "uma questão moral".

"Diminuir a mudança climática e se adaptar a seus efeitos é necessário para erradicar a extrema pobreza, reduzir a desigualdade e garantir um desenvolvimento econômico equitativo e sustentável. É por isso que eu digo que é uma questão determinante de nosso tempo", disse após se reunir com o papa Francisco.

"A mudança climática está intrinsecamente vinculada à saúde pública, à segurança da água e dos alimentos, aos movimentos migratórios e à paz e à segurança. É uma questão moral. Uma questão de justiça social, direitos humanos e ética fundamental".

Neste sentido, o líder da ONU disse que "a ciência e a religião não são conceitos opostos", mas devem estar "alinhados" nesta questão e pediu às autoridades espirituais presentes em um fórum dentro do Vaticano que façam isso virar realidade.

"A erradicação da pobreza extrema, pondo fim à exclusão social dos frágeis e marginalizados, e a proteção do meio ambiente são valores plenamente compatíveis com as doutrinas das grandes religiões", defendeu.

Além disso, Ban Ki-moon ressaltou que "a mudança climática está ocorrendo agora", que afeta especialmente aos mais pobres e que as atividades humanas "são sua principal causa". "Nossa resposta deve ser global e apoiada em valores universais. A mudança climática afeta a todos, mas não a todos por igual", assinalou.

Ban Ki-moon se disse convencido que o povo "está se dando conta que devemos mudar nosso modo de atuar" e muitos países estão investindo em "energias limpas que certamente podem manter um desenvolvimento sustentável". Por essa razão, o secretário-geral lembrou que "para mudar nossas economias, no entanto, é preciso que mudemos nosso modo de pensar e nossos valores", algo que o âmbito religioso "pode exercer um valioso papel".

Neste sentido, Ban Ki-moon elogiou as repetidas chamadas do papa Francisco para combater os efeitos da mudança climática e disse que "espera com vontade" sua encíclica, que versará sobre esta questão. "Direi ao mundo que proteger nosso meio ambiente é um imperativo moral e uma obrigação sacra para todas as pessoas de fé e de consciência do mundo", apontou.

Assim, repassou a agenda do ano em curso, no qual serão realizados vários foros sobre o desenvolvimento sustentável e a mudança climática, como a Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, em julho em Adis-Abeba, e a Cúpula da ONU sobre desenvolvimento sustentável, que acontecerá em dezembro em Paris.

"Paris não é um ponto final, mas deve constituir um caminho comum para um consenso sobre a mudança climática. Necessitamos de um acordo universal, justo e ambicioso e os países industrializados devem ser os primeiros a dar o passo por uma questão de igualdade e de responsabilidades históricas", disse. E pediu aos países que "invistam em energias limpas que beneficiem os pobres e limpem nosso ar" porque "o desenvolvimento sustentável exige energia para todos".

"Somos a primeira geração que pode acabar com a pobreza e a última geração que pode temer os piores impactos da mudança climática", disse Ban Ki-moon.


Suas palavras foram ditas na abertura do ato: "Proteger a Terra, dignificar a humanidade", realizado hoje no Vaticano e que contou com a assistência de líderes religiosos e do presidente do Equador, Rafael Correa.




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