Boate-templo em bairro boêmio de BH tem pregação no lugar de "pegação" – Por Carlos Eduardo Cherem
A Igreja Batista da Lagoinha, com
63 templos em Belo Horizonte (67 mil membros) e um em Niterói (no Rio de Janeiro, com
5.000 membros), criou uma boate-templo na Savassi, área nobre da capital
mineira e local da maior concentração de boates, bares, restaurantes e hotéis
da cidade.
O Savassi Club ou Igreja Batista
Lagoinha Savassi, inaugurado no início deste ano, tem todas as características
de uma boate. Música alta ao vivo tocada por bandas de diferentes
"tribos", intenso jogo de luzes coloridas, iluminação neon, paredes
pretas, camarote e salas de estar.
Somente dois aspectos diferenciam
o local de outras casas noturnas: não há "pegação", ela é substituída
pela pregação, e os drinques não têm álcool, explica o pastor Victor Câmpara,
27. "Estamos fazendo um trabalho
específico de evangelização desses jovens. Aceitamos todas as 'tribos'.
Roqueiro, playboy, metaleiro, hipster, skatista, gay. Sem preconceitos,
queremos receber todos os jovens", diz Câmpara.
Flaviano Marques da Costa, 29, o
pastor Flavinho, explica que a implantação da boate-templo na Savassi tem o
objetivo atrair para a Igreja Batista os jovens que frequentam as baladas nas
casas noturnas da Savassi. "A ideia é que a
evangelização possa alcançar todas essas 'tribos'. Por ser um bairro boêmio,
que atrai muitos jovens, investimos na Savassi para deixar o lugar com cara de
boate. É atraente para os jovens. O louvor tem cara de boate mesmo",
afirma.
Segundo o pastor Flavinho, a
boate-templo já tem cerca de mil frequentadores. "Se uma pessoa chegar aqui,
drogada ou bêbada, vai ser recebida da mesma forma. É claro que não vai
utilizar nada aqui dentro, mas vamos conversar com esses jovens", diz
Câmpara. "Um casal de namorados pode
vir, claro. Mas não vai haver 'pegação' aqui. Só pregação."
Cura gay?
Priscila Coelho, 31,
apresentadora de uma TV evangélica em Belo Horizonte, é responsável pelo
acolhimento de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e
transgêneros na boate-templo. Segundo ela, participam do grupo cerca de cem
jovens, que descobriram o evangelho desde a implantação do templo.
"Primeiro falamos de Deus
para essas pessoas. Depois vem a evangelização. Deixar de ser gay é
consequência. Se a pessoa tem fé no Evangelho, ela deixa de ser gay",
afirma Coelho, que diz que já se relacionou com "várias garotas". Ela solta uma gargalhada quando o
repórter lhe pergunta sobre a cura gay e explica o conceito. "Cura gay não
existe. Não existe ex-gay. A pessoa crê no Evangelho, acredita em Jesus e não
pratica. É isso", diz.
"Com 24 anos descobri Jesus
e deixei de ter relações sexuais com outras mulheres. Eu era infeliz. Mas não
sei se vou namorar ou ter relacionamentos com homens. Ainda não", afirma.
Um templo em construção
Na avenida do Contorno, quase na
esquina com a avenida Getúlio Vargas, o Savassi Club está cercado de bares,
sorveterias e hotéis. No imóvel, já funcionaram sete boates nas últimas duas
décadas.
A boate-templo está instalada em
um prédio de três andares. Pintada de preto, um portão de entrada iluminado com
neon e sem placas de identificação, os pastores e membros da igreja ficam
dispostos na calçada recebendo os frequentadores dos cultos, pessoas que os
pastores conhecem pelo nome.
Os cultos, sempre às 20h,
acontecem às quartas-feiras, sábados e domingos. Durante os intervalos, são
distribuídos drinques feitos a partir de frutas e polpas de frutas, água,
churros, cookies e batatas chips. Segundo o pastor Flavinho, nas
próximas semanas, o local vai abrir também às sextas-feiras para uma
"happy hour". Deve começar por volta das 17h, diz o religioso.
Fonte: http://noticias.uol.com.br
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