Crucificando os fatos
Domingo, 07/06, o centro de São
Paulo foi novamente tomado por logotipos da Prefeitura Muncipal do petista
Fernando Haddad e de empresas dependentes do governo federal de Dilma Rousseff,
como Caixa Econômica e Petrobras, sob o aplauso entusiástico de muitas câmeras da Globo.
Quando astros como esses se alinham, não é preciso recorrer a qualquer
horóscopo para saber que algo de perverso está para acontecer. E aconteceu.
Era a 19ª edição da Parada Gay na
Avenida Paulista.
Segundo a mídia, ali se
celebraria a alegria, a descontração, a diversidade e a tolerância. Um discurso
que, somado a 19 trios elétricos e propaganda ostensiva, costuma atrair muita
gente bem-intencionada e disposta a festejar.
Gente que acorre à avenida
pensando tratar-se de um carnaval fora de época, e jamais imaginaria
converter-se, ali, em inocente útil para uma agenda de proporções globais.
Ocorre que, seguindo algo já
estabelecido como espécie de “tradição”¹ do ato, as muitas bandeiras coloridas
e slogans exigindo “respeito” serviram a encobrir crimes de injúria, difamação
e calúnia contra quem quer que se tenha destacado na denúncia dos esquemas
globalistas de engenharia social, com destaque para a liderança evangélica dos
pastores Marco Feliciano e Silas Malafaia.
Serviram, entretanto, sobretudo,
como deixa para outro crime, de conotações bem mais dramáticas: ultraje a
culto, tipificado pelo art. 208 do Código Penal, sob o título “[d]os crimes
contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos”:
Art. 208 – Escarnecer de alguém
publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar
cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto
de culto religioso:
Pena – detenção, de um mês a um
ano, ou multa.
Parágrafo único – Se há emprego
de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à
violência.
O destaque em todos os jornais,
nesta segunda, foi a imagem de uma mulher nua, em “performance” junto a uma
cruz, arremedando a figura de Cristo a pretexto de simbolizar o sofrimento que
a sociedade brasileira (cristã e conservadora, segundo eles) impõe aos
homossexuais. Afixada sobre a atriz, na cruz, tábua com os dizeres “Basta
homofobia G.L.B.T.”.
Menos chamativos, outros
crucifixos foram avistados e fotografados nas mãos de ativistas, embora não se
tenha registro de “performances” como aquela, da Marcha das Vadias de 2014, em
que o ícone sacro, como a imagem de Nossa Senhora, foi publicamente inserido
nos ânus de integrantes do “coletivo”.
Arrogar-se o direito de cometer
reiterados crimes na mais movimentada avenida do país e sair-se não apenas
impune, como em tintas de herói, é, sem dúvida, um modo peculiar de “pedir
respeito”.
Especialmente em uma sociedade que assegura a qualquer indivíduo os
direitos de vida, propriedade, incolumidade física e moral, associação e
manifestação, mesmo quando voltados contra os mesmíssimos princípios que
fundaram tais direitos no Ocidente.
A sociedade de base cristã que
metaforicamente “crucifixa” homossexuais, no entendimento da ativista
retratada, é a conditio sine qua non de sua arte, e está no DNA da ideia mesma
de “tolerância”, que, como qualquer virtude, existe apenas em um espaço de
mediania, de moderação. Espaço evidentemente ultrapassado e espezinhado pela
organização.
Enquanto
os muito valentes militantes da avenida (agentes de uma causa internacional,
radicalmente diferentes dos homossexuais anônimos utilizados como pretexto)
armam fogueiras midiáticas com seus dois milhões de reais em recursos públicos,
onde queimar quem quer que pense de modo diferente sobre a fronteira entre
espaços privados da intimidade e espaços de uso coletivo, ou enquanto usurpam,
cospem, urinam e defecam sobre a razão de vida de boa parte da população
brasileira, presente desde a fundação do país, fazem silêncio sepulcral acerca
de todas as demais alternativas de organização social historicamente consistentes
no mundo, que, estas sim, hoje mesmo seguem a matar à forca, a gás, por
lapidação ou por bala na nuca (crucificação é démodé: apenas o Estado Islâmico
a utiliza, e para matar “cristãos opressores”) aqueles por quem dizem lutar.
Com a mídia inteira a seu lado,
apoio político predominante em todas as esferas e, mais importante, direitos
civis universais plenamente assegurados, algo não se encaixa no discurso
autovitimista dos únicos criminosos que, pegos em flagrante, ao invés de
reprimidos pela lei, são premiados pelos cofres estatais, editoriais da
imprensa e fundações transnacionais.
Onde está a “fobia”, afinal? Que outro
estamento é “respeitado” ao ponto de lograr por privilégio quase oficial estar
acima das leis e gaba-se do direito a ser, em tudo, unanimidade incriticável,
mas com direito a criticar todos os demais para lá do limiar da injúria?
Fonte: http://tercalivre.com
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