No primeiro discurso, a esperança de uma 'primavera' Bósnia.
Em seu primeiro discurso, em
terras bósnias, o Santo Padre agradeceu às autoridades da Bósnia-Herzegóvina
pela gentil recepção e expressou sua grande alegria por estar na cidade de
Sarajevo, que, depois de tantos sofrimentos, por causa dos conflitos sangrentos
do século passado, voltou a ser lugar de diálogo e convivência pacífica.
“Sarajevo e a Bósnia-Herzegovina
revestem um significado especial para a Europa e o mundo inteiro. Há séculos,
nestes territórios, estão presentes comunidades que professam religiões
diferentes e pertencem a distintas etnias e culturas, cada uma das quais se
sente rica com as suas características peculiares e ciente das suas tradições
específicas. Isto, porém, não impediu uma prolongada existência de mútuas relações
amistosas e cordiais”.
A própria estrutura arquitetônica
de Sarajevo apresenta traços visíveis e consistentes disso: sinagogas, igrejas
e mesquitas, a ponto de a cidade ser chamada «Jerusalém da Europa». Na verdade,
ela constitui uma encruzilhada de culturas, nações e religiões, que exige,
sempre, a construção de novas pontes e a restauração das existentes, para uma
maior comunicação fácil, segura e civil.
Por isso, o Papa sugeriu:
“Precisamos comunicar, descobrir as riquezas de cada um, valorizar o que nos
une e olhar as diferenças como possibilidades de crescimento, no respeito por
todos. É necessário um diálogo paciente e confiante, para que as pessoas, as
famílias e as comunidades possam transmitir osvalores da própria cultura e
receber o bem das experiências alheias. Assim, as graves feridas do passado
recente podem se cicatrizar; pode-se encarar, com esperança, o futuro, e
enfrentar, sem medos e rancores, os problemas existentes”.
A seguir, o Bispo de Roma falou
sobre o objetivo específico da sua viagem ao país:
“Vim como peregrino de paz e de
diálogo, após 18 anos da histórica visita de São João Paulo II. Fico feliz ao
ver os progressos realizados, pelos quais devemos agradecer ao Senhor e a
tantas pessoas de boa vontade. Contudo, não se deve contentar com o que foi
realizado até agora, mas dar novos passos para reforçar a
confiança e criar oportunidades para aumentar o conhecimento mútuo e a estima.
Para favorecer este percurso é fundamental a solidariedade e colaboração da
comunidade internacional, da União Europeia e de todos os países e organizações
presentes e atuantes operativos neste território.
Na verdade, esta amada nação”,
recordou o Pontífice, “faz parte integrante da Europa; os seus sucessos e
dramas constituem uma séria advertência para se fazer todo o esforço possível a
fim de que os processos de paz iniciados se tornem cada vez mais sólidos e
irreversíveis". E acrescentou:
“Nesta terra, a paz e a concórdia
entre croatas, sérvios e bósnios, e as iniciativas que tendem a aumentá-las
ainda mais, as relações cordiais e fraternas entre muçulmanos, judeus e
cristãos se revestem de uma importância que vai bem mais além das suas
fronteiras. Elas testemunham, ao mundo inteiro, que é possível uma verdadeira
colaboração entre as várias etnias e religiões, em prol do bem comum; um
pluralismo de culturas e tradições pode subsistir e dar vida a soluções
originais e eficazes dos problemas; as próprias feridas, até as mais profundas,
podem ser curadas com um percurso que purifique a memória e dê esperança para o
futuro”.
Neste sentido, o Santo Padre
propôs reconhecer os valores fundamentais de cada um, para se colaborar,
construir e dialogar, perdoar e crescer; somos os primeiros servidores das
comunidades; os responsáveis políticos devem salvaguardar os direitos fundamentais
da pessoa humana, sobretudo o direito à liberdade religiosa. Somente assim se
pode construir uma sociedade mais pacífica e justa.
O Papa Francisco concluiu seu
primeiro discurso, em Sarajevo, afirmando: “A Igreja Católica participa, por
meio da oração e da ação dos seus fiéis e das suas instituições, da obra de
reconstrução material e moral da Bósnia-Herzegovina, compartilhando das suas
alegrias e preocupações; e busca ser solidária com os pobres e necessitados”.
“A Santa Sé congratula-se pelo
caminho feito nestes anos e assegura a sua solicitude em promover a
colaboração, o diálogo e a solidariedade, sabendo que a paz e a escuta
recíproca, em uma sociedade civil e ordenada, são as condições indispensáveis
para um progresso autêntico e duradouro”.
“A Santa Sé espera vivamente que
a Bósnia-Herzegovina, com a contribuição de todos, possa continuar a avançar no
caminho empreendido, para que, depois do gélido inverno, se possa chegar à
primavera”.
Fonte: http://boainformacao.com.br
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