Tráfico de arma falsa camuflado pela religião em Aparecida – Por Francisco Edson Alves
A Polícia Civil de Aparecida
investiga a atuação de uma quadrilha que se aproveita da religiosidade na
cidade do interior paulista para vender armas falsas importadas.
Segundo o
delegado Adilson Antônio Marcondes dos Santos, nas últimas operações de agentes
civis e militares no município, foram apreendidas mais de 1,5 mil réplicas de
fuzis, rifles, carabinas, metralhadoras, revólveres e pistolas, de diversos
calibres.
As cópias, segundo Adilson,
importadas da China, foram apreendidos em diversos pontos da cidade, e teriam
como principal destino o Centro de Apoio aos Romeiros, dentro da área do
Santuário Nacional de Aparecida, o maior monumento do mundo dedicado à Santa
Padroeira do Brasil.
No local, onde existem 380 lojas,
conforme o jornal O DIA mostrou com exclusividade através de fotos e vídeos,
alguns comerciantes descumprem o Estatuto do Desarmamento e vendem armas de
brinquedo.
Depois da divulgação da
reportagem, nesta quarta-feira, os lojistas retiraram os produtos das
prateleiras. Só na última apreensão, a maior delas, em Agosto de 2014,
policiais civis recolheram 800 imitações de armas.
“Há indícios da atuação de grupos
criminosos, que utilizam Aparecida para distribuir armas falsificadas para todo
o país, uma vez que a cidade recebe gente de todos os estados”, revelou
Adilson. “Os bandidos acreditam que em Aparecida, sendo a capital da fé
nacional, a ação não levantaria suspeitas”, afirmou o delegado.
Nos últimos dois anos, o derrame
de armas de brinquedo teria se acentuado no município, segundo
ele. Adilson se disse impressionado com a ousadia das quadrilhas e com a
“incrível semelhança” das armas de brinquedo com as verdadeiras.
“Várias delas têm até o peso
parecido com as reais. Nas mãos de criminosos, são usadas em assaltos,
sequestros-relâmpago e outros delitos”, advertiu, detalhando que não raramente
assaltantes presos em outros estados com armas de brinquedo, confessam ter
comprado os produtos em Aparecida.
A Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) afirmou que as arquidioceses têm autonomia para tomarem
decisões nesse tipo de situação. Em nota, a administração do Santuário de
Aparecida reiterou sua posição contrária à atitude de alguns comerciantes ao
redor da Basílica e que fará uma campanha de conscientização dos perigos que o
descumprimento da legislação representa para fiéis e visitantes.
A Arquidiocese do Rio de Janeiro,
por sua vez, ressaltou que não comenta acontecimentos de outras arquidioceses.
Segundo a assessoria de imprensa, o que aconteceu em Aparecida não existe no
Rio. “As paróquias sequer têm espaço para venda. E, quando têm, os artigos não
são de cunho comercial”.
Fonte: http://odia.ig.com.br
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