Viver à antiga – Por Jordi Ruiz Cirera
A comunidade Menonita da Bolívia
mantém-se afastada do resto da sociedade e segue os costumes de há séculos.
Os ensinamentos da Bíblia são o
seu principal guia. Vestem-se de forma humilde e simples. Evitam as roupas
coloridas ou com desenhos e qualquer tipo de adereço ou bijuteria. Vivem sem
electricidade, telemóveis e carros.
A agricultura é a principal
actividade económica, vendem ou trocam aquilo que não consomem por outros bens.
Em 2010, o fotógrafo espanhol Jordi Ruiz Cirera foi viver algum tempo com
esta comunidade.
“As fotografias são proibidas por
motivos religiosos, mas como em todas as religiões, cada pessoa faz como pensa.
Em alguns casos, disseram-me que não podia tirar fotografias, mas quando o
fazia não havia problema. Outros mostraram-se totalmente contra serem
fotografados”, conta Jordi numa entrevista ao jornal “El Confidencial”. Jordi fotografou o quotidiano da
comunidade e conseguiu alguns retratos de pose assumida.
“Os dois pilares
principais da sua religião, que é a base da sua sociedade, são a austeridade e
a humildade. Nada pode sobressair ou ser desnecessário, supérfluo. Vindo de uma
sociedade onde se privilegia o oposto, é interessante ver como é que uma
comunidade inteira vive de forma alienada e totalmente diferente. Pode-se dizer que vivem quase
como há 200 anos. É difícil perceber como é que não têm a necessidade que nós
temos de querer sempre mais e melhor”, diz o fotógrafo.
Os menonitas chegaram
durante os anos 50 à Bolívia, provenientes do Canadá, México e Belize, onde a
sua vida estava a ser ameaçada por divergir com as propostas do governo. Actualmente, são mais de 50 mil
menonitas na Bolívia, mas não é possível saber o número exacto pois muitos
deles vivem sem registo ou com passaporte estrangeiro.
A comunidade menonita sente cada
vez mais a pressão da sociedade, pelo maior acesso ao álcool, música, carros e
outros produtos modernos. Apesar de procurarem novos sítios isolados, a sensação
de “estar a chegar ao fim de um período” é visível em toda a comunidade.
Fonte: http://www.publico.pt
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