“Grupos de pressão económicos e culturais" estão na "Europa contra a Europa”
A Comissão ‘Caritas in Veritate’
do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) alerta que a Europa
não deve “esquecer a grandeza” dos "recursos internos materiais e espirituais”
num “momento histórico” com guerras, acolhimento dos refugiados e “pressões
económicas”.
“Grupos de pressão económicos e
culturais estão ativamente mobilizados na Europa contra a Europa. As
instituições continentais estão a sofrer com a tensão entre as identidades dos
povos e a dimensão da burocracia”, revela o comunicado do CCEE enviado hoje à
Agência ECCLESIA.
A Comissão ‘Caritas in Veritate’
alerta que as “ideologias hoje” estão a tentar remover da Europa os seus
valores e dividi-los em “apoiantes e opositores” de modelos “construídos não
sobre a história comum da Europa, mas em teoria”.
A política de “indiferença
religiosa” e a tentativa remeter as religiões do espaço público para a esfera
privada coloca em “risco” a coexistência das religiões. “O fenómeno religioso é
apresentado como perigoso, a política rejeita-o”, acrescenta o comunicado.
Segundo o conselho das
Conferências Episcopais da Europa as preocupações económicas “são muitas vezes
vítima de preocupações políticas e financeiras” e os Estados estão “a sofrer e
a lutar” para mediar, de forma significativa, entre as pessoas e as
instituições europeias transnacionais.
Perante as novas divisões entres
os Estados, “fortes e fracos, alinhados numa cultura dominante e não-alinhados
de segunda classe, os bispos europeus assinalam que procurar “valores comuns
não significa impor a todos os valores de alguns”.
Neste contexto, destacam
realidades concretas como a “situação difícil” na Grécia que “causou problemas
muito mais amplos”, até da própria União Europeia, e a situação de conflito na
Ucrânia, “terra historicamente muito significativa para o continente europeu e
sua civilização entre Oriente e Ocidente”.
“Uma Europa mais segura que por
sua vez é uma fonte de segurança é uma Europa ordenada. Não respeitar a vida e
a família também significa criar conflito e enfraquecer a paz”, desenvolve o
comunicado.
Para o CCEE, na gestão da
migração, que hoje tem aspectos de “emergência humanitária”, a Europa “não deve
renunciar” a sua civilização jurídica e os valores fundamentais da sua cultura
que “assimilou a partir da tradição da lei moral natural”, enriquecido e
transmitidos pela tradição cristã e presente noutras culturas e religiões.
No comunicado são
apresentadas preocupações também com a defesa de uma “ecologia integral”, o
combate aos “problemas” do emprego, a defesa dos direitos humanos, a paz, “um
bem comum não apenas material, mas também espiritual”.
O Conselho das Conferências
Episcopais da Europa pede ainda atenção à família, a dignidade dos seres
humanos, a distinção entre política e religião são “valores europeus e os
valores humanos” e têm de ser defendidos, promovendo um verdadeiro encontro
entre as religiões.
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