DF cria 1ª delegacia para crimes de intolerância religiosa
Criação foi motivada por ataques
a terreiros de candomblé no DF e Entorno.
O governador Rodrigo Rollemberg sancionou nesta quinta-feira (21/01) lei que cria uma delegacia especializada para combater casos de intolerância religiosa. A delegacia foi proposta depois que quatro terreiros de candomblé foram incendiados no Distrito Federal e no Entorno nos últimos meses.
Durante a assinatura da lei, o
sindicato dos policiais civis do DF fez um protesto em frente ao Palácio do
Buriti, sede do Executivo local, contra a criação da delegacia. O sindicato diz
que a Polícia Civil tem déficit de funcionários e que falta infraestrutura nas
delegacias já existentes na capital.
De acordo com o GDF, 100
policiais civis e 20 escrivães serão contratados até o final de Fevereiro para
compor a equipe. A nova delegacia funcionará no Departamento de Polícia Especializada.
Segundo o governador, “é inaceitável” que na capital do país sejam aceitos
casos de intolerância religiosa.
"Queremos um mundo que as
pessoas apreciem e respeitem a diversidade cultural, natural e religiosa. A
criação da delegacia é só um pequeno passo, uma pequena semente. É dever do
governo proteger as pessoas".
O diretor da Polícia Civil, Eric
Seba, disse ter sido questionado sobre a criação da delegacia. "Muitas
pessoas disseram que já que existiam 31 delegacias espalhadas pelo DF e que não
precisávamos de alguma especializada. E eu digo: por que retroceder? Queremos
dar um passo pra frente. Como as mulheres têm locais específicos de proteção,
as religiões também terão".
O autor do projeto, o deputado
distrital Lira (PHS), disse que a delegacia vai registrar e abrir inquéritos
nos casos que envolvam crimes praticados contra pessoas, entidades ou
patrimônios públicos ou privados, cuja motivação seja a intolerância religiosa.
"As vítimas terão um lugar
acolhedor e eficaz para combater os crimes. Não faz sentido que em pleno século
21 as pessoas ainda não respeitem a diversidade das religiões. A diversidade
deve ser respeitada e amparada pelo Estado, que se tornou laico desde a
primeira constituição republicana, em 1891."
A administradora do terreiro de
candomblé Axé Oyá Bagan, Adna Santos, conhecida como Mãe baiana, agradeceu ao
governador Rodrigo Rollemberg pela criação da delegacia. Emocionada, ela
caracterizou os adeptos da religião como "sofrido".
"Nosso terreiro foi
destruído por um incêndio no fim de Novembro, uma cena lamentável. A delegacia será um local para todos, onde teremos respeito e segurança. Não queremos arma,
queremos amor e paz".
Casos
O templo Axé Oyá Bagan, de matriz africana, no Núcleo Rural Córrego do Tamanduá, entre o Lago Norte e Paranoá, foi incendiado na madrugada no dia 27 de Novembro do ano passado. Seis pessoas dormiam no local no momento, mas ninguém ficou ferido. O barracão ficou destruído. Esse foi o mais recente caso de ataque a locais de culto no Distrito Federal.
Em Setembro, dois templos de
religiões de matriz africana foram incendiados em Águas Lindas e Santo Antônio
do Descoberto, no Entorno. O terreiro de Santo Antônio, do babalorixá Babazinho
de Oxalá, já tinha sido alvo de outros ataques.
Fonte: http://circuitomt.com.br
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